domingo, 21 de outubro de 2007

SUSTOS PARA TODOS OS GOSTOS




Para esclarecer mais sobre os Sacis, basta entrar em contato com duas associações existentes a de caçadores e a de criadores. O engenheiro José Oswaldo Guimarães, por exemplo, é presidente da Associação Brasileira de Caçadores de Sacis, entidade que possui mais de cem sócios. Dá entrevista para revistas, jornais e TVs com a maior naturalidade.
Outro moleque que anda nu é nada politicamente correto e fuma desbragadamente é o curupira que, normalmente, aparece do tamanho de uma criança de seis ou sete anos. “Toma conta da mata e dos animais que nela vivem. Anda nu, fumando cachimbo de barro e mora nos buracos de árvores portadoras de sapopemas (raízes gigantescas muito comuns nas árvores da floresta amazônica). Anda a pé e é peludo como preguiça real. As unhas são compridas, o calcanhar para frente e os artelhos para trás. Quando alguém não consegue matar, caçar ou pescar, ou quando sua roça nada produz, faz contrato com o mesmo de oferecer tabaco (de meia arroba para cima), cachaça (pelo menos quatro litros) e fósforos (além de seis maços)”. Quem nos informa com tais detalhes de quantidades são os autores do livro Festas de Santos e Encantados Napoleão Figueiredo e Anaiza Vergolino Silva.
Como estamos vendo, em sua grande maioria, as lendas são relatos anônimos que tentam explicar os fatos e mistérios da vida por meio de episódios heróicos ou sobrenaturais, geralmente, misturando realidade e fantasia. Já os mitos, são narrativas simbólicas, que associam as forças da natureza e os aspectos da condição humana a fatos vivenciados por deuses, heróis ou seres sobrenaturais. “No folclore esses mitos costumam ser figuras fantásticas, ou mesmo assombrações, que aparecem para causar o mal ou alertar as pessoas sobre o futuro”.
Já a Moura Torta, nome mais popular da estória, denuncia sua antigüidade, alusiva à escravaria moura, com as velhas feiticeiras, cegas de um olho, misteriosas e sinistras. Faz parte da estória das Três Cidras de Amor, uma das mais vulgarizadas na Europa e constante em dezenas de coleções de contos nas principais línguas vivas. As intermináveis bibliografias registrando o três cidras de amor evidenciam não apenas sua popularidade, mas a extensão de sua circulação na literatura oral do mundo, explica Luís da Câmara Cascudo na edição de Contos Populares do Brasil (1954). Em Recife e Olinda diziam que a Moura Torta enfiava alfinetes na cabeça das crianças desobedientes. Pouco, perto do que fazia o Tutu, ou tutu-marambaia, ou ainda o roncador. É uma entidade com que se mete medo às crianças quando choram. A forma em que o idealizam na Bahia é a de um caititu ou porco do mato e daí talvez se origine o nome Tutu, que é popular em todo o Brasil. Na Bahia também Tutu-cambê: Quando os meninos choram o Tutu vem come-los e mais, o Tutu-Cambê é um bicho muito feio e só come os meninos bonitos! O Tutu do povo brasileiro segundo alguns estudiosos é idêntico ao Papão e à Cuca de Portugal.
Além do preconceito étnico contra a Moura temos ainda O Judeu Errante. Sua aparição se dá durante a Quinta-Feira Maior e a Sexta-Feira da Paixão. É um velho alto e magro, muito barbado, cabelo comprido e com um manto escuro. É uma figura mais literária que popular, e as menções vão desaparecendo nas estórias orais. Não lhe dão, no Brasil, outro nome além de "Judeu Errante".
Era sapateiro em Jerusalém, chamado Ahasverus, quando Nosso Senhor com a cruz aos ombros, passou diante de sua tenda. O sapateiro deixou o trabalho para empurrar o Salvador, gritando: "Vai andando! Vai logo!" Nosso Senhor respondeu: "Eu vou e tu ficarás até a minha volta!" E o homem ficou, até hoje, andando pelo mundo, liberto da lei da morte, sem pressa e sem descanso. Espera o regresso do Senhor, que lhe deu a imortal penitência. É de tradição portuguesa. Segundo João Ribeiro em seu livro O Folclore "há vários ditos populares que parecem relacionar-se a esta lenda. Assim é o de marca de Judas, que lembra Malcho Judas ou Marco, um dos nomes do judeu em algumas versões. Também a frase popular, usada para designar lugares remotos, onde Judas perdeu as botas, parece indicar a lenda do sapateiro Ahasverus".

Como se não bastasse tão distinta plêiade os moradores das grandes cidades passaram a criar seus novos mitos, que obviamente, absorvidas pela cultura popular seguem a linha do quem conta um conto aumenta um ponto. E daí vieram o Bebê-diabo, criado pelo jornalista paulistano Criscuolo do extinto Noticias Populares e mais três outros que merecem um certo destaque. São eles o Chupa Cabras e a Loira do Banheiro .O chupa Cabras é um fenômeno espalhado por toda a América latina, que mistura seres extraterrestres com maldições e sortilégios. O personagem ganhou notoriedade na imprensa, inclusive da Pernambucana graças a suas inusitadas formas de matança de animais. Araripina também teve o seu, e população aterrorizada lia que...”Os moradores desta cidade do sertão do Araripe, a 700 quilômetros do Recife estão apreensivos com a possibilidade do fenômeno do chupa-cabras ter chegado à região. O indício é o aparecimento de trinta cabras mortas, sem o sangue, em duas regiões da zona rural”. Isso foi nos idos de 1997, e as cabras que tinham uma perfuração no pescoço receberam o veredicto de que foram atacadas por cachorros e ponto final. O mito já havia sido registrado anteriormente no Equador, Porto Rico e México. O folclorista Paulo de Carvalho-Neto transcreve a seguinte descrição, de um informante de Guaiaquil, no Equador em junho de 1996: "tem a forma de animal, um par de asas, é muito selvagem, mede um metro e quinze e é horrível".



Nenhum comentário: