quarta-feira, 2 de julho de 2008

Diálogos criativos



Diálogos criativos
de Domenico De Masi e Frei Betto


"Hoje respiramos uma cultura em que o produto, a mercadoria, é fonte de valor humano. Este é o grande desafio: como a educação pode inverter esse processo? E isso com todas as conseqüências no plano político. O que o poder busca hoje? A felicidade geral do planeta ou o incremento da acumulação de riquezas? Dito assim sumariamente, são valores incompatíveis."

(Frei Betto)

"Segundo Frei Betto, Deus criou o homem por um ato de infinita bondade; segundo minha concepção, o homem inventou Deus por um esforço de infinita esperança."

(Domenico De Masi)

Num inusitado e prazeroso encontro, Domenico De Massi e Frei Betto debatem sobre alguns dos temas mais importantes da pós-modernidade: do avanço tecnológico à sociedade de consumo, da educação à filosofia, da teologia à política.

Com pontos de vista ora coincidentes, ora conflitantes, mas muitas vezes complementares, ambos oferecem uma explanação sobre os rumos da humanidade, questionando de que forma as escolhas do presente estão construindo o amanhã que se anuncia.

Mediado pelo psicanalista e educador José Ernesto Bologna, esses diálogos representam mais do que um olhar sociológico sobre a nossa sociedade. São um tratado humanístico simples e acessível, valioso para todos aqueles que se preocupam com os rumos da educação, da cultura e da política de nosso tempo.

Recorrendo ao vasto conhecimento histórico, à reflexão filosófica, à dialética teosófica e ao pensamento crítico, essa apaixonante e apaixonada discussão constrói e destrói conceitos na melhor tradição socrática.

De um lado, um grande sociólogo, laico, de erudição assombrosa, que apresenta o melhor da tradição intelectual européia. De outro, uma alma brasileira por excelência, educador, teólogo, político e apaixonado pelo povo.

O resultado, Diálogos criativos, instiga nossa inteligência, estimula nossa curiosidade e aguça nossa percepção sobre algumas dos mais fundamentais temas da sociedade atual.

***

"Em quais valores se deve inspirar a escola da sociedade pós-industrial? Na minha opinião, o primeiro valor é o do humanismo: instilar nos jovens a sensação de que ser homem é uma coisa fundamental no universo; de que ser humano é um privilégio extraordinário; de que a consistência do ser humano é de tal grandiosidade que cada um de nós tem a sim mesmo como patrimônio para valorizar e multiplicar. O segundo valor é que é sempre o jovem que determina seu próprio destino, que decide se aprende, compreende ou rejeita. O terceiro valor é que o nosso futuro deve ser preparado desde hoje; o presente é o amanhã."

Domenico De Masi





A velocidade da produção do conhecimento combinada com a multiplicação jamais vista – e só imaginada no passado em obras de ficção científica – dos meios de difusão de dados abalou a estrutura escolar. Perdeu significado e, em especial, eficiência, a escola que administra testes baseados em currículos, supostamente medidores de aprendizado.

O bom profissional – e portanto o bom aluno – é aquele que sabe gerir pensamentos e conhecimento, adaptando-os às suas necessidades.

Exige-se de todos, a cada ano, uma espécie de planejamento estratégico: qualquer espaço é convertido, assim, em núcleo de aprendizado. Escola e empresa dinamitam seus limites; assim como desaparecem os limites entre o fazer e o saber, entre quem trabalha e quem estuda.

Até pouco tempo, a aprendizagem permanente era uma característica de uma elite intelectual imersa na pesquisa; essa excelência democratizou-se, tornou-se obrigação de qualquer uma em uma sociedade contemporânea.

O novo aluno – e, portanto, o novo profissional – deve saber como lidar com o presente para manejar o futuro e aprender com o passado. Viver é a maior escola.

Essas modificações exigem um repensar profundo das relações dos indivíduos com o trabalho, a cultura, a tecnologia e o lazer.

Que tipo de educação serve para essa sociedade? Essa é a questão central deste fértil e provocativo diálogo entre Domenico De Masi e Frei Betto, um encontro inusitado, rico de sugestões e contradições, em que se vê que, sem um debate filosófico – mais do que pedagógico – a escolha será uma fábrica de inutilidades.

Gilberto Dimenstein

Um lançamento da



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