domingo, 21 de março de 2010

COMEÇAM AS OBRAS DO NOVO TEATRO CULTURA ARTÍSTICA

A Sociedade de Cultura Artística anuncia o início oficial das obras de reconstrução do Teatro Cultura Artística no próximo dia 20 de março, com a presença do Prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, entre às 9h e às 12h. A construtora Racional Engenharia é a responsável pela etapa inicial das obras, relacionada ao painel de Di Cavalcanti e à fachada original, ambos tombados pelo Condephaat em dezembro de 2008.

A Rua Nestor Pestana será parcialmente fechada para que a grua e o guindaste possam trabalhar garantindo a segurança dos transeuntes. “A utilização desses equipamentos visa a agilizar a montagem da estrutura para a restauração da fachada, para isso, tomamos o cuidado de fechar a rua parcialmente e, assim, garantir a segurança de todos”, informa a gerente sênior da Racional Engenharia, Giani Pfister. Os tapumes colocados em frente à fachada já foram trocados e a placa oficial de aviso de obra estará instalada no local – para alegria dos paulistanos que anseiam pelo renascimento do Teatro Cultura Artística.

“A Racional se sente muito honrada em participar de mais esse momento da história da cultura paulistana ao contribuir para o renascimento do Teatro Cultura Artística”, relata Giani Pfister. “A Racional sempre teve e terá uma participação atuante no desenvolvimento dos equipamentos culturais da cidade de São Paulo como apoiador de iniciativas de incentivo à cultura”.

Ao longo de sua trajetória, a Racional Engenharia participou de outros importantes projetos em equipamentos culturais da capital paulista, tendo executado a recuperação da cúpula de concreto armado da Oca, o retrofit do Teatro Abril com restauro de fachada e foyer, a revitalização do prédio do MASP e a ampliação do MUBE.

No dia 20, estarão presentes no local os seguintes porta-vozes: Claudio Sonder,vice-presidente em exercício da presidência da Cultura Artística; Paulo Bruna, arquiteto responsável pela concepção do projeto do novo teatro; Isabel Ruas, arquiteta responsável pela restauração do painel de Di Cavalcanti; e Giani Pfister Engenheira da Racional, empresa responsável pelas obras.

O novo Teatro

O novo Teatro Cultura Artística receberá apresentações dos mais variados espetáculos exatamente no mesmo local onde operou por quase 60 anos.

O arquiteto Paulo Bruna, do escritório Paulo Bruna Arquitetos Associados, sucessor de Rino Levi (quem assinou o projeto do Teatro Cultura Artística, inaugurado em março de 1950) é o responsável pelo projeto do novo teatro.

Localização

O novo teatro ocupará o mesmo endereço do espaço original por diversos motivos, entre eles, o magnífico mosaico de Di Cavalcanti e a fachada original que se mantiveram de pé – consideradas patrimônio histórico – além da possibilidade de utilizar o adjacente estacionamento municipal na Praça Roosevelt, contribuindo para a renovação da Rua Nestor Pestana, do seu entorno, e do centro de São Paulo. Também foi importante na decisão a tradição cultural da área.

Inovação

Para a concepção do projeto do novo Teatro Cultura Artística, houve forte interação e união das equipes de arquitetos, som e acústica e administração da SCA, para que, desde os primeiros traços, tudo saísse a contento de todas as partes interessadas. Essa postura de elaboração de projeto até hoje não foi vista em nenhuma construção desse porte na América Latina.

Foyer

No novo projeto, o Foyer ganhou especial atenção. Bem mais amplo que o original, nele será possível instalar um grande bar com mesas, chapelaria, loja de CDs, acessar elevadores e duas escadas rolantes de grande capacidade. Dessa maneira, o público circulará sob a platéia e terá acesso, por ambos os lados, ao teatro.

Nos níveis das entradas do auditório, criam-se outros pequenos foyers com bares, permitindo que sejam organizadas recepções e eventos particulares, com acesso restrito aos camarotes. Esses espaços poderão ser usados para outras finalidades, gerando renda extra à Cultura Artística, como já ocorre em museus, aeroportos e em muitos teatros. “É especialmente interessante o Royal Festival Hall em Londres, projeto dos arquitetos Leslie Martin e Peter Moro concluído em 1951, em tempo para as comemorações do ‘Festival of Britain’”, diz Paulo Bruna.

Salas de espetáculos

Diferentemente do antigo teatro, que possuía duas salas: o pequeno auditório com 333 lugares e o grande auditório com 1.156 lugares, o novo terá apenas uma sala com 1.406 expectadores. 788 lugares com uma primeira fila de camarotes com 48 cadeiras; dois níveis de balcões e camarotes: o primeiro balcão com 232 lugares e os camarotes com 60 lugares. O segundo nível terá 230 lugares e 48 nos camarotes.

A razão desse arranjo é ao mesmo tempo dividir o público em pequenos grupos e manter um elevado grau de intimidade.

As linhas de visibilidade foram desenhadas prevendo que o teatro possa ser utilizado para diferentes tipos de espetáculos, inclusive dança, razão pela qual o chão do palco deverá ser visível de forma completa desde o proscênio.

No novo projeto, o palco terá formato italiano com toda a tecnologia compatível com um teatro de múltiplos usos. Esse palco deverá dar suporte impecável às mais variadas modalidades: música orquestral com formações desde câmara até sinfônica; dança contemporânea e clássica; musicais, inclusive com orquestra no fosso (amplificada ou não); óperas com orquestra no fosso; música levemente amplificada como MPB, jazz, música étnica, jazz sinfônico e espetáculos semelhantes; montagens e encenações de teatro convencional; programas complementares como projeções de vídeo, palestras, convenções e workshops. A tecnologia de luz, áudio e vídeo será especialmente projetada para o novo teatro.

Camarins e bastidores

“Os artistas gozarão de maior conforto nos bastidores. Haverá uma completa separação entre os funcionários permanentes do teatro, da produção visitante, dos atores e músicos.”, diz o arquiteto.

O backstage será dividido em três níveis, nos quais serão alojados o escritório da produção visitante com vestiários masculinos e femininos; escritório do gerente de palco, técnicos de luz, som e palco da Sociedade de Cultura Artística; sanitários e vestiários masculinos e sanitários e vestiários femininos para os funcionários.

Os camarins e as áreas de apoio aos artistas seguem padrão internacional. Serão quatro camarins individuais, sendo dois com saletas para receber jornalistas e amigos; seis camarins para oito pessoas; dois camarins auxiliares, um masculino e outro feminino; Todos os camarins terão um sistema de intercomunicação com a produção e monitores de vídeo e áudio ligados ao palco.

Além disso, os artistas terão à sua disposição: sala para ginástica; sala para aquecimento, dança e voz; pequeno ambulatório; “Green Room” ou sala de estar/bar para os artistas; pequeno escritório para uso dos artistas com acesso à internet; rouparia com lavanderia; e estacionamento no subsolo.

Amigos, jornalistas, admiradores, têm acesso restrito aos camarins pelos elevadores de público cujo acesso é feito pelo Foyer principal. O acesso é restrito, pois há uma antecâmara e duas portas, cujo acesso é controlado; Há um terraço externo para eventuais fumantes;

Administração

O novo prédio ainda compreenderá toda a parte administrativa, confortavelmente instalada em amplas e diversas salas, escritórios para conselheiros, salas de reunião, sala de controle e automação predial, sala para controle do ar condicionado, depósito de limpeza, cantina, sala de bilheteria, sala de máquinas e biblioteca. “A área construída total é de 10.424,76m², um aproveitamento excelente”, completa Paulo Bruna.

O Painel de Di Cavalcanti

Projetado especialmente para o Teatro Cultura Artística, o maior painel existente de Di Cavalcanti – 48m X 8m – passou por uma ampla avaliação, feita através de testes de percussão, tessela a tessela (cada pastilha de vidrotil que compõe o painel). A empresa Vidrotil irá doar as novas tesselas para a restauração.

O painel de Di Cavalcanti é de 1950 – mesma época da inauguração do teatro – e se chama “Alegoria das Artes”. Ele deveria retratar as nove musas filhas de Zeus com Mnemosine: Calíope, Clio, Erato, Euterpe, Melpômene, Polímnia, Tália, Terpsícore e Urânia; mas Di Cavalcanti representou dez mulheres na sua obra.

Nos próximos meses será montada uma exposição com fotos históricas sobre o painel durante o período das obras de restauração. A exposição mostrará a história do Teatro, de sua fundação até o incêndio. Também estão previstas visitações públicas monitoradas.

Custo e Finalização das obras

A expectativa é completar as obras, orçadas em R$75 milhões até o final de 2012 – ano do centenário da Sociedade de Cultura Artística. A primeira etapa da obra, orçada em R$31 milhões, já teve dois terços de seu valor captados.

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