segunda-feira, 5 de setembro de 2011

evento - teatro Oficina “Olho de Boi” desperta identidade pela cultura popular



A cultura como meio para o jovem despertar sua individualidade é a proposta da oficina “Olho de Boi”, que está acontecendo nas Regionais Boqueirão, Bairro Novo e Pinheirinho. O trabalho utiliza o processo de criação do Auto do Boi – um dos folguedos populares que revelam a riqueza da imaginação do povo brasileiro – para estimular a criatividade e a expressão corporal na apropriação da identidade cultural.

A Oficina “Olho de Boi”, ministrada pelo músico Caio Cezar Guimarães e Silva e pela antropóloga Júlia Basso, é um dos doze projetos selecionados por meio de edital do Fundo Municipal da Cultura para integrar o Circuito de Arte e Cultura. Trata-se de mais uma iniciativa da Fundação Cultural para descentralizar as ações culturais.

Reunindo adolescentes de 13 a 17 anos, a oficina “Olho de Boi” propõe o desenvolvimento individual ao despertar o gosto pela arte e pela cultura brasileiras. Ao promover o resgate da brincadeira do boi, uma manifestação popular tradicional em diversas regiões do país, a oficina caracteriza-se como espaço de troca de vivências e estímulo à criatividade. “Nossas tradições e costumes refletem a riqueza da imaginação do povo brasileiro”, destaca Caio Cezar Guimarães e Silva, responsável pelo projeto. “A cultura popular conta histórias e mostra distintas realidades, ao mesmo tempo em que expressa a essência dos brasileiros, que se identificam ao descobrir semelhanças e diferenças nas manifestações artísticas”, complementa.

No processo de criação do Auto do Boi são abordadas diversas habilidades que proporcionam aprendizagens técnicas e crescimento do indivíduo e do grupo. Música, dança, canto, confecção de instrumentos e improviso estimulam a igualdade e permitem a apropriação de noções rítmicas e o aprimoramento das expressões corporal e oral, além da identificação cultural. A utilização de materiais recicláveis na criação dos instrumentos, figurinos e acessórios também desperta no jovem uma outra lógica de consumo, incentivando os cuidados com o meio ambiente, paralelamente ao exercício da criatividade.

A estudante Priscila dos Santos, de 15 anos, que participa da oficina, reconhece a importância de preservar a cultura popular. “É importante aprender sobre nossas tradições culturais, resgatar histórias que vêm de nossos avós”, afirma Priscila. Aluna do Colégio Estadual Prefeito Teobaldo Kletemberg, no Sítio Cercado, ela se mostra encantada com a produção do Auto do Boi. “Já tinha ouvido falar do Auto do Boi, mas sem o aprofundamento necessário. Agora estamos descobrindo as raízes desse folguedo.”

O entusiasmo é compartilhado por Alexandre Estevan Sebastião, de 14 anos, outro participante da oficina. “Recomendo aos meus colegas que descubram a riqueza da cultura brasileira e aumentem seus conhecimentos”, diz o estudante. Aluno do Colégio Estadual Inez Vicente Borocz, também no Sítio Cercado, ele destaca a música como um de seus elementos favoritos.

Todos os elementos trabalhados ao longo dos três meses de duração da oficina estarão presentes na apresentação do Auto do Boi, no encerramento das aulas. A composição de cores, cantos, danças e toques faz do espetáculo um evento contagiante, que revela as múltiplas interpretações adquiridas pelo folguedo nas várias regiões brasileiras.

De outubro a dezembro, a oficina “Olho de Boi” também será desenvolvida nas Regionais Portão, CIC e Matriz, dentro da programação do Circuito de Arte e Cultura, que até o final de 2012 prevê a realização de 108 oficinas artísticas em todas as regiões da cidade. Doze projetos foram selecionados por meio de edital do Fundo Municipal da Cultura para integrar o circuito.

Ações conjuntas - Num contexto mais amplo, a oficina atende ao propósito da Prefeitura de Curitiba de envolver diversos setores municipais numa mesma ação. As unidades CRAS – Centro de Referência de Assistência Social Bairro Novo e Iguape, no Boqueirão, ambas gerenciadas pela FAS – Fundação de Ação Social, além do Centro de Transformação Social Vida Nova, no Pinheirinho, que desenvolve parceria com a Prefeitura, estão sediando as aulas que proporcionam a jovens de vários bairros curitibanos o contato com a cultura.

“A soma das atividades, por meio da intersetorialidade, promove o desenvolvimento completo das comunidades”, ressalta a assistente social Cristina Alves Zequinão, coordenadora do CRAS Bairro Novo. Segundo ela, o resgate das tradições brasileiras e a aproximação com as manifestações culturais de outras regiões do país fortalecem o capital cultural local, e são instrumentos importantes para a construção da cidadania. “O trabalho desenvolvido na oficina promovida pela Fundação Cultural de Curitiba atende ao direito à cultura das crianças da nossa região”, enfatiza.

A importância da intersetorialidade também é evidenciada por Anderson Cristian Walter, educador social da FAS. “O trabalho conjunto é gratificante, pois promove o crescimento dos participantes”, afirma. Para ele, que cursa Gestão Pública, a oficina “Olho de Boi” ajuda os jovens no desenvolvimento de uma visão crítica da sociedade. “A oficina tem embasamento teórico aliado à parte prática, com dinâmicas de dança e confecção de figurinos, promovendo o conhecimento da cultura nordestina e aproximando as tradições brasileiras”, destaca.

Seguindo o princípio de unir diversas atividades, Walter também comanda a oficina “Acesso Mídia”, em conjunto com a “Olho de Boi. Além disso, a interligação das ações fica evidente ao se observar que os adolescentes participantes das oficinas integram o ProJovem – Programa Nacional de Inclusão de Jovens, iniciativa do governo federal.

Outra prova do valor das ações conjuntas é a participação de Reginaldo Aparecido Grilo, educador social da FAS que desenvolve trabalhos no PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, igualmente do governo federal. Ele atuará como multiplicador, levando as informações obtidas na oficina “Olho de Boi” aos integrantes do programa federal. “Nossos jovens estão descobrindo a profundidade de manifestações culturais que só conhecem por meio da televisão”, destaca. Formado em Filosofia e atualmente cursando Pedagogia, Reginaldo observa com entusiasmo o envolvimento dos alunos participantes. “A partir do momento em que conhecem novas expressões da cultura brasileira, os jovens agregam valores e entendem melhor a diversidade do país”, ressalta.

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