sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Lotte & Zweig de Deonísio da Silva






Lotte & Zweig
de
Deonísio da Silva

Páginas: 128


“Noite de 22 de fevereiro de 1942. Há um automóvel estacionado na quadra próxima ao bangalô onde vive o casal que vai morrer. O homem e a mulher estão com sono. Mas será que vão dormir? Nos últimos rádios ligados, já em volume mais baixo, predominam comentários sobre o carnaval que acabou há poucos dias.”
(...)
“Meu querido Stefan é amado pelo mundo inteiro. Todos gostam dele. Menos os nazistas, é claro! Mas esses não gostam de ninguém, nem deles mesmos.O que vão dizer? Eles controlam até a memória dos mortos. Todos falarão de Stefan Zweig, mas de mim, que o amei, que a ele dediquei meus verdes e mais quentes anos, de mim ninguém falará. Tratarão da morte de meu amado como se ele tivesse morrido sozinho num quarto em Petrópolis. Da moça abraçada a seu cadáver, cadáver ela também, ninguém dirá nada!”
Afinal, o que ocorreu naquela noite? O romance Lotte & Zweig revive uma das mais tocantes tragédias fomentadas pelo terror nazista em noite sem testemunhas. Deonísio da Silva, grande escultor de personagens femininas, desta vez dá voz a Lotte, que morreu ao lado do marido, talvez num pacto sinistro ou assassinada também.

O AUTOR
Deonísio da Silva
Ele se diz jardineiro e botânico das palavras. Publicou sete romances, várias coletâneas de contos, de ensaios e livros infantojuvenis, num total de 33 obras. Seu livro de estreia, Exposição de motivos, foi levado à televisão por Antunes Filho, em teleteatro, e recebeu do Ministério da Educação o prêmio de melhor livro do ano (1976). Desde então, é crescente o reconhecimento pela importância de sua obra: além do Prêmio Internacional Casa de las Américas pelo romance Avante, soldados: para trás ( 1992), em júri presidido por José Saramago, foi também laureado pela Biblioteca Nacional, pelo romance Teresa D’Ávila: namorada de Jesus (1997 ), já adaptado para o teatro. É ainda autor de obras de referência, como De onde vêm as palavras e Nos bastidores da censura. Doutor em Letras pela USP, é professor titular e pró-reitor de Cultura e Extensão da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro.


Stefan Zweig escreveu muitas cartas para seus entes queridos antes de cometer suicídio: Os mais conhecidos são aqueles que se dedicam ao país que o viu morrer Brasil, e outro dirigido ao seu Friderike primeira esposa.

Caro Friderike,

quando você receber esta carta, será muito melhor. Em Ossining me viu melhor e mais calmo, mas minha depressão piorou, eu me sinto tão ruim que não consigo me concentrar no meu trabalho.

Depois, há a certeza triste - o único que temos - que esta guerra é para durar anos e ainda ser muito antes de poderem retornar à nossa casa. Eu certamente aproveitar a sua estadia em Petrópolis, mas eu sinto falta dos livros, que são indispensáveis ​​para mim pelo meu trabalho. Quanto à solidão, que inicialmente forneceu um notável apaziguamento tornou-se um lamento ... Também a idéia de que a minha obra maior, Balzac, que nunca pode acabar pois tenho a perspectiva de dois anos de trabalho ininterrupto, e os livros necessários para a documentação seria difícil de conseguir. E finalmente há a guerra, esta guerra que nunca acaba, que ainda não atingiu seu pior. Sou muito fraco para suportar tudo isso, ea Lotte pobres não tem tido mais fácil comigo, especialmente desde que sua saúde deteriorou-se tão bem.

Você tem seus filhos e, portanto, uma tarefa na vida, você tem vários interesses, inabalável energia. Estou confiante de que melhores tempos se vive uma vez e você vai entender por que o meu pessimismo me impediu mais. Escrevo estas linhas em minhas últimas horas. Você não pode imaginar como eu me sinto aliviado desde que eu tomei esta decisão. Dê aos seus filhos boas lembranças para mim e não sofrer, lembre-se sempre como eu admirava Joseph Roth ou Rieger que soube evitar o sofrimento.

Tenha coragem, agora você sabe que eu sou calmo e feliz.

Com meu carinho e amizade,

Stefan

LANÇAMENTO DA









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