terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Educação Somática e artes cenicas

 

Educação Somática

e artes cênicas

Pincipios e aplicações

 

de Márcia  Strazzacappa

Coleção: AGERE - PAPIRUS
Ano: 2012
Páginas: 176
Dimensões (A x L x P): 21,00cm x 14,00cm x 1,00cm               




EDUCAÇÃO SOMÁTICA
A expressão Educação Somática já faz parte do
vocabulário nacional. Em diferentes espaços, tanto
educacionais quanto terapêuticos, como escolas de
dança, academias, estúdios privados, centros de
fisioterapia, cursos universitários, ouve-se essa
expressão. Porém, na mesma medida em que o termo
é difundido e utilizado, acaba sendo vítima de muitos
equívocos e confusões. A Educação Somática poderia
englobar todas as técnicas corporais desde que
praticadas de forma consciente? Seria a Educação
Somática um método de reabilitação corporal? Ou
trata-se de uma terapia corporal? A Educação
Somática tem apenas fins terapêuticos e corretivos
ou também pode ser usada com fins profiláticos e
preventivos? A Educação Somática pode ser
empregada para a criação coreográfica? Essas
questões, dentre outras que nortearam minha
pesquisa, conduziram a uma investigação anterior
sobre a gênese dessas técnicas e suas possíveis
aplicações. Como a Educação Somática chegou à
cena? Que tipo de emprego se faz da Educação
Somática nos países da Europa e da América do
Norte, onde ela é mais difundida? E aqui no
Brasil?


Responda estas e muitas outras questões através da obra de Marcia Strazzacappa

Diz o ditado que a necessidade é a mãe da invenção. Quando começou a escrever uma tese de doutorado sobre as técnicas de educação somática aplicadas às artes cênicas, que acaba de ser transformada em livro pela Papirus Editora, a pesquisadora Márcia Strazzacappa não poderia imaginar que ela iria confirmar esse ditado de maneira inusitada. Afinal, ela descobriu que, não fossem problemas de saúde enfrentados pelos criadores dessas técnicas, muitas delas nem teriam sido desenvolvidas.

“Minha busca era para entender as técnicas, como elas chegaram ao Brasil e por que algumas deram certo por aqui e outras não. O que pude observar é que elas surgiram quando os próprios criadores buscavam soluções para os seus problemas de saúde. Por exemplo, Feldenkrais era físico e judoca, mas machucou o joelho jogando futebol, e com os seus conhecimentos de física aliados ao judô, criou uma técnica para reabilitação e consciência corporal para solucionar seu problema”, conta a autora de Educação somática e artes cênicas: Princípios e aplicações.

Frederick Matthias Alexander é outro caso citado por Márcia: “Ele era um ator que estava perdendo a voz e desenvolveu um trabalho técnico que o curou por meio da correção de sua postura”.
O livro é uma adaptação da tese e ressalta a importância da educação somática na formação de artistas cênicos. Simplificadamente, a educação somática aplicada nas artes cênicas é um conjunto de técnicas de consciência corporal que nos anos de 1970 e 1980 passaram a influenciar o pensamento sobre a dança e o corpo, assim como a produção artística.

Para a autora, a introdução da educação somática e das técnicas de consciência corporal no currículo das artes cênicas (teatro, dança e música), aliada às disciplinas tradicionais, contribuiu positivamente para a formação dos artistas cênicos. “Essas técnicas são um antes e não um depois. Quer dizer, primeiro conhecemos nosso corpo, conhecemos nossos limites e as formas de nos movimentar no espaço, de entonação de voz, de posturas para poder praticar sem nos machucarmos”, esclarece.
O principal público da obra são pessoas que têm o corpo como objeto de estudo, pesquisa e atuação. “Ao escrever o livro, pensei em trazer uma temática pouco trabalhada no Brasil, assim como autores pouco traduzidos. Acredito que meus leitores serão artistas cênicos, tais como atores, bailarinos e músicos, mas também atletas, terapeutas corporais, fisioterapeutas e educadores físicos”, aponta a autora.


Diferentes formações, diferentes relações com o corpo

Márcia Strazzacappa dividiu o livro em duas partes, assim como fez em sua tese. Na primeira parte, ela contextualiza e explica o processo de formação dos artistas cênicos no Brasil. “Como minha tese foi desenvolvida e defendida na França, resolvi mostrar para os franceses como se dava a formação artística aqui no Brasil. E para o espanto deles, as diferenças eram tremendas”, afirma.
“No Brasil, a formação artística é muito mais informal do que na França. Aqui a formação é feita em escolas livres, academias, estúdios e mais recentemente em ONGs, para depois, no ensino superior, ser concluída – na teoria e na prática. Os franceses começam desde cedo em conservatórios públicos sua formação, e quase todos os bairros têm um. Para exemplificar, é praticamente um equivalente à formação no ensino fundamental e no médio, só que na linguagem artística escolhida pelo aluno. Ao final dessa formação, ele recebe um diploma que é exigido em cursos superiores, ou seja, ao ingressar no ensino superior, o aluno francês já tem uma formação teórica e prática prévia e pode escolher dois tipos de formação superior: a faculdade superior, onde ele poderá teorizar o aprendizado e que geralmente forma os críticos de arte, os dramaturgos, os pesquisadores; e o conservatório superior, que é basicamente a prática e que forma os grandes bailarinos, os músicos de orquestras, artistas plásticos, os atores etc.”, ressalta Strazzacappa.
 

Durante a pesquisa, Márcia pôde observar a diferença da relação com o corpo entre profissionais brasileiros e estrangeiros. Com base nessa observação ela constatou que as diferenças culturais são determinantes na maneira como lidamos com o nosso corpo e com o corpo do outro. “O brasileiro é um povo que se toca, que se abraça, que gosta de cumprimentar com beijo, que pensa com o corpo, assim como o italiano e o espanhol. Já os franceses, os japoneses, os americanos, os ingleses e muitos outros pensam antes de agir. Tive alguns exemplos concretos que me mostraram essa diferença. Certa vez, quando propus um exercício em que os alunos tinham que se tocar, os brasileiros e italianos saíram fazendo o que eu havia proposto, já os franceses e os outros grupos de outras nacionalidades não se sentiram à vontade. Eles tocavam na outra pessoa, mas sempre pedindo permissão e com certo incômodo.”

No que diz respeito à formação superior atual nas artes cênicas, a autora enfatiza que a tecnologia ajudou muito, assim como os crescentes incentivos. “A internet permitiu o acesso a vídeos que antes eram raridades, a informações que antes levavam muito tempo para chegar aqui. Além disso, os incentivos no campo das artes só vêm aumentando com a abertura de diversos e variados editais municipais, estaduais e federais, todos eles com contrapartidas sociais, em que os vencedores têm que se apresentar em lugares públicos e oferecer oficinas e workshops, possibilitando ao público leigo contato com os profissionais das artes cênicas e com as técnicas”, comenta.

A autora fala também da importância da pluralidade na educação artística. “Temos que diversificar, mesclar disciplinas tradicionais com as somáticas, mas sem esbarrar na superficialidade”, finaliza.

A autora
Márcia Strazzacappa
é graduada e+m Pedagogia e em Dança, mestre em Educação (Unicamp) e doutora em Artes: Estudos Teatrais e Coreográficos (Universidade Paris 8). Foi pesquisadora do Lume e atualmente é professora da Faculdade de Educação da Unicamp, onde coordena o Laboratório de Estudos sobre Arte, Corpo e Educação (Laborarte). Escreveu, em parceria com Carla Morandi, Entre a arte e a docência: A formação do artista da dança (Papirus, 2006), além de ser autora de vários capítulos de livros.

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