segunda-feira, 22 de julho de 2013

Angel Rama - um Transculturador do Futuro

Angel Rama - um Transculturador do Futuro


Número de Páginas: 164
Edição: 1 ª
Ano de Publicação: 2013



Considerado um dos intelectuais mais representativos da América Hispânica, Ángel Rama (Montevidéu 1926 – Madrid 1983) teve uma atuação multifacetada no cenário cultural latino-americano. Circulando entre o mundo acadêmico de universidades das Américas Latina e Central, dos EUA e da Europa como docente, ensaísta e jornalista, atuou como colaborador nas páginas de vários periódicos latino-americanos, em particular como crítico literário no semanário uruguaio Marcha – publicação voltada à literatura, de fundamental importância para a produção cultural de língua espanhola, que circulou de 1939 a 1974, em Montevidéu e Buenos Aires, e que contou em sua equipe de colaboradores com escritores como Juan Carlos Onetti, Mario Benedetti, Eduardo Galeano, Jorge Rufinelli, Carlos Maggi, Emir Rodriguez Monegal, entre outros intelectuais.

        E foi justamente como crítico literário que Rama teve um papel de importância ímpar para a literatura brasileira. Ele foi um dos pioneiros que, ao conhecê-la, tratou de divulgá-la e analisá-la dentro de uma visão latino-americana. Isso ocorreu com maior intensidade a partir do seu encontro com o professor Antonio Candido, nos idos de 1960, quando Candido levou à Universidad de La República um curso de verão focado em alguns autores brasileiros.

      Autor de uma obra fundamental para a compreensão da América Latina, como um espaço de produção cultural com suas marcas próprias e transculturadas, Rama deixou sobretudo um legado que teve na literatura seu foco principal. Pois entendeu que a literatura é um conjunto de processos ligados a aspectos sociais, políticos, ideológicos e estéticos. Dono de uma visão crítica, o uruguaio foi o idealizador da coleção Biblioteca Ayacucho. Entre seus livros destacam-se: Rubén Darío e o modernismo (1970), Las máscaras democráticas del modernismo (1973), Transculturación narrativa en América Latina (1982), La generación crítica (1972) e A Cidade Letrada (1984).


Em novembro de 2009, o Memorial da América Latina abrigou concorrida homenagem ao ensaísta, professor e escritor uruguaio Ángel Rama. O título e mote inspirador desse evento – “Ángel Rama, um transculturador do futuro” – partiu de uma livre leitura de um dos conceitos e temas básicos da obra desse importante pensador latino-americano. Ao debruçar-se sobre as literaturas e as culturas do nosso continente, Ángel Rama deu asas inusitadas a um conceito elaborado pelo ensaísta cubano Fernando Ortiz, o de transculturação. Para Ortiz, o processo fundamental de formação da cultura de seu país seria o de um processo dialético entre os procedimentos de significação trazidos pelos europeus em seus diferentes níveis e nas novas realidades encontradas e semeadas nas terras conquistadas. A cultura cubana seria resultante de uma síntese que, sem elidir as desigualdades históricas, formaria uma nova realidade cultural, antes inexistente, no solo da ilha e, por extensão, latino- -americano. Rama ampliou de modo vertiginoso o conceito de Ortiz, estendendo-o para toda a América Latina, vendo nele um traço constante da formação e da atuação consciente e consistente dos intelectuais, artistas, escritores, ensaístas deste continente. Indo adiante, foi um dos intelectuais que decididamente atravessaram (como Antonio Candido, entre outros) a herança da linha demarcatória de Tordesilhas, abrangendo o Brasil em sua formulação original do conceito de “América Latina”. Num passo igualmente ousado, formulou seu conceito de América Latina como um projeto a construir, libertário, voltado para o futuro. Os textos e os depoimentos que fazem parte deste livro foram, de modo consistente e livre, inspirados nesse abraço histórico do grande pensador, abrangendo todo o continente e resgatando o passado em direção a um futuro de liberdade e criação.






LANÇAMENTO DA








 



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