domingo, 14 de julho de 2013

Trabalho de Voz e Corpo de Zygmunt Molik




Trabalho de Voz e

Corpo de Zygmunt Molik


de Giuliano Campo e Zygmunt Molik

Tradução: Julia Barros

Biblioteca Teatral - Coleção Grotowski

Edição 01
Formato: 16 X 23 cm
Número de Páginas: 304
Acabamento: Brochura

Acompanha um DVD



Este livro, que nasceu de conversas entre Zygmunt Molik – ator principal da companhia de Jerzy Grotowski, o Teatro Laboratório – e Giuliano Campo, oferece um fascinante insight sobre a metodologia de Molik e destaca o "Alfabeto do Corpo", sistema que permite que o ator concilie o corpo e a voz em seu processo de preparação. Essa abordagem teve um impacto radical e transformador no treinamento vocal dos atores e nas práticas teatrais em todo o mundo.

Trabalho de Voz e Corpo de Zygmunt Molik traz também um DVD que contém os filmes O Alfabeto do Corpo (2009), Dyrygent [Maestro] (2006), que ilustra os métodos de trabalho de Molik, e Acting Therapy (1976), que explora seu papel no Parateatro. Inclui, também, uma extensa galeria de fotos que documentam a vida e o trabalho do ator, diretor e pedagogo polonês.

QUEM FOI JERZY GROTOWSKI

Jerzy Grotowski (Rzeszów, 11 de agosto de 1933 — Pontedera, 14 de janeiro de 1999) foi um diretor de teatro polaco e figura central no teatro do século XX, principalmente no teatro experimental ou de vanguarda.

Seu trabalho mais conhecido em português é "Em Busca de um Teatro Pobre", onde postula um teatro praticamente sem vestimentas, baseado no trabalho psico-físico do ator. A melhor tradução de "teatro pobre" seria teatro santo ou teatro ritual. Nele Grotowski leva as últimas consequências as ações físicas elaboradas por Constantin Stanislavski, buscando um teatro mais ritualístico, para poucas pessoas. Um dos seus assistentes e responsável pela divulgação e publicação de seus trabalhos é o hoje famoso teatrólogo Eugenio Barba.


Os primeiros anos


Grotowski nasceu em Rzeszów, Polônia e viveu até a idade de sessenta e seis anos em Przemyśl. Durante a Segunda Guerra Mundial a família se separa. Sua mãe muda-se com ele para Nienadówka. Seu pai serviu como oficial no exército polonês indo para a Inglaterra. Grotowski, sua mãe e seu irmão conseguiram fugir dos nazistas e se refugiaram numa fazenda de seu tio. Este era arcebispo em Cracóvia e foi nesta época que Grotowski despertou para a vida espiritual que orientaria toda sua vida artística. O trabalho de Grotowski no teatro se torna uma espécie de busca espiritual, uma confrontação entre o homem e a mitologia. É central em seus escritos e em sua prática a figura do ator "santo".

Em 1955 Grotowski se formou em interpretação na escola técnica de teatro de Kracóvia. Logo depois ele vai para Moscou para estudar direção no (GITIS) Instituto Lunacharsky de Artes Teatrais. Ele fica em Moscou até 1956, aprendendo os caminhos trilhados pelos grandes artistas russos como Stanislavski, Vakhtangov, Meyerhold e Tairov. Depois ele retorna a Polônia e se especializa em direção, se formando em (1956–1960).
Montagens (1957-1969)

Em 1958 ele dirigiu sua primeira peça "Deuses da Chuva" adaptada de um romance de Jerzy Krzyszton. Anunciando a notoriedade que ele teria, esta foi uma montagem que causou muita controversia pela forma que ele adaptou o texto. Grotowski anunciava, "Em respeito ao minha atitude com o texto dramático, eu penso que o diretor deve tratá-lo apenas como um tema em cima do qual ele constrói um novo trabalho artístico que é o espetáculo teatral " (em R. Konieczna, "Przed premiera 'Pechowcow'. Rozmowa z rezyserem" / "Antes da estreia de 'O Infeliz' - Uma conversa com o diretor"). Esta abordagem ele iria incorporar em toda sua carreira, influenciando muitos artistas que o sucederam. Ainda no mesmo ano Grotowski mudou-se para Opole onde ele assumiu a direção do Teatro das 13 Fileiras. Local onde ele organizou um conjunto de atores e colaboradores artísticos que iriam ajudá-lo no desenvolvimento de sua visão artística.

Entre as muitas produções as mais famosas foram "Orfeu" de Jean Cocteau, "Shakuntala" inspirado no texto de Kalidasa, "Dziady" de Adam Mickiewicz e "Akropolis" de Stanislaw Wyspianski. Esta última foi a primeira realização completa de sua formulação de 'teatro pobre'. Nela a companhia de atores, representando prisioneiros de um campo de concentração, construíam a estrutura de um crematório em volta da platéia, enquanto representavam histórias da bíblia. Esta concepção teve particular ressonância para o público de Opole, já que o campo de concentração de Auschwitz se localiza apenas a cerca de cem quilômetros de distância. "Akropolis" foi uma peça que chamou muito a atenção e praticamente o lançou internacionalmente.

Em 1964 ele deu sequência a seu sucesso com a estreia de "A Trágica História de Doutor Faustus" adaptada de um importante autor do teatro elizabetano Christopher Marlowe. Além do uso de poucos objetos na cena, Grotowski orientou os atores a representarem diferentes objetos. Numa cena, onde o papa está presente num jantar, um ator representava a sua cadeira e outro a comida. Estes dois atores também assumiam o papel de Mephistopheles em outra parte da peça, demonstrando o caminho que Grotowski desenvolveu colocando diferentes camadas de significados em suas produções.

Em 1965 ele muda sua companhia para Wrocław com o novo nome de "Teatr Laboratorium" (Teatro Laboratório), em parte para evitar a pesada censura a que os teatros profissionais tinham que se submeter na Polônia daquele tempo.

"O Príncipe Constante " foi sua primeira grande encenação, em 1967, considerada uma das mais importantes encenações do século XX, com descrição detalhada em seu livro "Em Busca...". A interpretação de Ryzsard Cieslak's, no papel título, é considerada o melhor exemplo da técnica de interpretação buscada por Grotowski's. Em fase posterior Grotowski assume um estilo parateatral, explorando o significado do ritual e da performance fora do contexto da obra de arte.

1969 viu a última produção profissional de Grotowski como diretor. "Apocalypsis Cum Figuris" é também mundialmente reconhecida como uma da melhores produçõoes teatrais do século XX. Novamente utilizando textos da biblia, esta produção é reconhecida pelos membros da companhia como uma exemplo típico da interpretação total por ele almejada. Durante o processo de ensaio, que durou três anos, Grotowski abandona as convenções do teatro tradicional e se envereda pelos caminhos de investigação do ritual.

Grotowski revolucionou o teatro e, junto com seu primeiro aprendiz, Eugenio Barba, líder e fundador do Odin Teatret e mentor do teatro antropológico, é considerado um dos mentores do teatro contemporâneo e de vanguarda. Barba foi fundamental na divulgação do trabalho de Grotowski ao mundo no ocidente, rompendo a barreira da burocracia comunista. Barba é editor de Em busca de um Teatro Pobre (1968), no qual Grotowski afirma que o teatro não deveria, porque não poderia, competir contra o espetáculo cinematográfico e deveria se concentrar em sua principal qualidade, os atores que se apresentam a frente dos espectadores.
Fundamentos de um teatro pobre

Em seu livro podem ser encontrados os dez princípios dos estudantes de seu teatro laboratório. Grotowski escreveu este texto para uso interno. Abaixo alguns trechos:

"(...) fazemos um jogo duplo de intelecto e instinto, pensamento e emoção; tentamos dividir-nos artificialmente em corpo e alma. (...) Em nossa busca de liberação atingimos o caos biológico."

" A arte não é um estado da alma (no sentido de algum momento extraordinário e imprevisível de inspiração), nem um estado do homem (no sentido de uma profissão ou função social). A arte é um amadurecimento, uma evolução, uma ascensão que nos torna capazes de emergir da escuridão para uma luz fantástica "

" como o material do ator é o próprio corpo, esse deve ser treinado para obedecer, para ser flexível, para responder passivamente aos impulsos psíquicos, como se não existisse no momento da criação - não oferecendo resistência alguma. A espontaneidade e a disciplina são os aspectos básicos do trabalho do ator, e exigem uma chave metódica "

O "teatro pobre" de Grotowski

Segundo Grotowski, o fundamental no teatro é o trabalho com a platéia, não os cenários e os figurinos, iluminação, etc. Estas são apenas armadilhas, se elas podem ajudar a experiência teatral são desnecessárias ao significado central que o teatro pode gerar.

O pobre em seu teatro significa eliminar tudo que é desnecessário, deixando um ator ou atriz vunerável e sem qualquer artifício. Na Polônia, seus espetáculos eram representados num espaço pequeno, com as paredes pintadas de preto, com atores apenas com vestimentas simples, muitas das vezes toda em preto.

Seu processo de ensaio desenvolvia exercícios que levavam ao pleno controle de seus corpos para desenvolver um espetáculo que não deveria ter nada supérfluo, também sem luzes e efeitos de som, contrariando o cenário tradicional, sem uma área delimitada para a representação.

A relação com os espectadores pretendia-se direta, no terreno da pura percepção e da comunhão. Se desafia assim a noção de que o teatro seria uma síntese de todas as artes, a literatura, a escultura, pintura, iluminação, etc...



O AUTOR Giuliano Campo

Giuliano Campo é ator, escritor e diretor. Ele é ex-pesquisador associado do British Grotowski Project, sediado na Universidade de Kent, Reino Unido. É membro do European Theatre Research Network (ETRN) e do Leverhulme International Research Network em colaboração com a escola do Teatro de Arte de Moscou (MXAT).

 O AUTOR Zygmunt Molik

Zygmunt Molik foi cofundador, ator principal e, durante 25 anos, membro do Teatro Laboratório. Ele foi essencial para a formação do treinamento de voz iniciado por Jerzy Grotowski. Suas sessões de treinamento de voz e corpo têm como foco a liberação da energia criativa e a busca da conexão entre corpo e voz como base para o processo do ator.

Leia trechos do livro em inglês
http://books.google.com.br/books?id=HwGpsVmaKXYC&printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false





Primeira parte de Apocalypsis cum figuris, montagem do Teatro laboratório




(Teatr laboratorium) sob direção de Jerzy Grotowski e co-direção de Rizard Cieslak.A direção literária ficou por conta de Ludwik Flaszen.Figurinos: Waldemar Krygier

Elenco:

Antoni Jaholkowski (Simão Pedro), Zygmunt Molik (Judas), Zbigniew Cynkutis (Lázaro),Maja Komorowska e Rena Mireka (Marias Madalenas),Stanislaw Scierski (João) e Ryzard Cieslak (o Escuro)

A montagem fez uso de citações bíblicas além de extratos de textos de Feodor Dostoiévski, Thomas S. Eliot e Simone Weil.Trata-se da última peça dirigida por Grotowski, que, depois desta, continuará sua biografia
artístico-pedagógica longe dos palcos até sua morte em 1999.


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