quarta-feira, 13 de novembro de 2013

18/11 BRANCA DE OLIVEIRA INAUGURA EXPOSIÇÃO NA MÔNICA FILGUEIRAS GALERIA


Mônica Filgueiras Galeria de Arte
convida para a abertura da  exposição
Trouxeste a chave?
de Branca de Oliveira
no dia 18 de novembro, a partir das 19h



“Branca de Oliveira é acostumada com complexas tecnologias.
Leva-nos, contudo, neste trabalho a uma viagem na potencialidade do material mais simples da história da arte: a grafite.
À aventura na forma mais básica das artes visuais: o desenho.
Marcia Tiburi




 A Mônica Filgueiras Galeria de Arte convida a abertura da exposição Trouxeste a chave?, de Branca de Oliveira, no dia 18 de novembro, com vernissage a partir das 19h.

Trouxeste a chave? é um conjunto de 53 peças que opõem o ato de criação às trancas impostas pelas inúmeras fechaduras que impedem o pensamento de se manifestar.  A imagem de múltiplas asas remete à potencialidade da vida que aguarda alçar o vôo.



Estarão expostas três séries de trabalhos inéditos que têm como problema as potências da vida, da criação e da liberdade. A artista opera alegorias para compor a sua obra poética instigante e perturbadora - que experimenta o corpo, o ar e a água como limite e como expansão.

Delírios corpográficos é resultado da original correspondência com uma jovem artista em torno do corpo como suporte do processo criativo. Ao longo de meses, Branca se correspondeu com ela através de desenhos que apresentam não apenas os avanços da experiência como também a fusão entre palavras, imagens, dores, desvarios, tudo inscrito e costurado à pele com a linha da fantasia.

Conquistaremos a Distância/ Do mar ou outra... é uma série de trabalhos baseados na imagem de peixes que espreitam, e do aquário, lançam o anzol na captura de desejos derivantes que carregam para suas profundidades.   

Branca de Oliveira é Doutora em Poéticas Visuais pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, onde é Docente e Coordenadora do Grupo de Pesquisa Poética da Multiplicidade.  Expôs seus trabalhos em diversas mostras nacionais e internacionais.
Ela trabalha com a ancestral técnica da encáustica: camadas de desenho em grafite e cera se alternam até que o efeito translúcido permita que a figura flutue numa matéria que não é totalmente transparente - como nada é na vida.

Serviço:
Trouxeste a chave?
de Branca de Oliveira
Abertura: dia 18 de Novembro, às 19h
Exposição: de 19 de novembro a 20 de dezembro de 2013 
Local: Mônica Filgueiras Galeria de Arte
Rua Bela Cintra, 1533 - Tel (11) 3082-5292

Horário: 2a a 6ª feira, das 10h às 19h
Sábado: das 10h às 14h30




Ainda que o último fio seja intangível aos nossos olhos
Marcia Tiburi

Corpográfios. Vulcanográficos, ambigráficos, personográficos. Tramográficos, aracnográficos, espacialográficos. Ascensográficos.  Impulsográficos. Aerográficos. Corrosivográficos. Levitográficos. Sabergráficos. Vorticegráficos. Pelegráficos. Inundográficos. Rebentográficos. Anjográficos. Riscográficos. Ventográficos.

Branca de Oliveira é acostumada com complexas tecnologias. Leva-nos, contudo, neste trabalho a uma viagem na potencialidade do material mais simples da história da arte: a grafite. À aventura na forma mais básica das artes visuais: o desenho. Não é somente o retorno ao elemento fundante do gesto imagético, mas um aprofundamento no fantasma da tecnologia que, historicamente, nos dispensou as mãos. Branca volta a elas, devolve-as ao gesto e ao corpo que desenhando, pratica seu primeiro movimento: ir além de si. Esse gesto liga, relaciona, anexa. Tenta, testa, e por isso risca, arranha, suja, deixa acontecer. Funda nexos.

Toda a experimentação é desenho. Desenho é design, é gesto de significação.  Mas desenho é grafo. Grafo é linha que conecta e desconecta uma coisa com outra, e a linha a outra linha. Grafar implica uma gramática: grafamos com vértices, arestas, paralelos, setas, laços, nervuras, ranhuras, arcos. Olhar esse trabalho de Branca de Oliveira implica deixar-se levar pelas linhas, aceitar seus emaranhados; ao mesmo tempo, duvidar deles. Prestar atenção em seus limites e direcionamentos. Podemos, sem dúvida, olhar para os símbolos, os signos, os sinais. Para o universo de conteúdos aos quais nos lança nesta experiência. Mas eles seriam completamente outros caso não fossem desenhados.

É que o desenho nos traz a sombra. O desenho nos dá o erro; no mais básico dos gestos, a potencialidade do que poderia ser. O desenho não é somente o grafo e sua história, mas é ainda o desajuste no mapa, o que estremece na planta, o que alucina na imagem desenhada, a imagem corpografada nascida nesse ponto simples da mão que atua. A imagem levitografada, ambigrafada é toda não imagem. Às vezes, quando algo escapa, então, algo foi desenhado.

Ficamos sabendo que a mutegrafia é diurna, que é também noturna. Olhando bem, vemos que o corpo desenhado é corpográfico. E que é possível corpografar. Basta começar por algum lugar como ela começou. Problema seria fazer o começo. Então nosso olhar roda, roda; roda até encontrar o quadrado mágico, o palíndromo, o design... Ambigrafamos quando transformamos qualquer um, em verso e reverso... problema, sabemos, é versar e reversar. Por isso, olhar atentamente é o caminho. Sabendo que o desenho de Branca de Oliveira começa no morfismo, mas rompe com ele: dimórfico mórfico, eis como seria o caso de tentar entendê-lo.

Mas um desenho não se entende simplesmente, antes, é preciso vê-lo. Encantados com a narrativa, curiosos da alegoria, concentrados no conjunto de detalhes que nos poem em estado de vertigem mental, fixamos os olhos. Ora, o desenho é um gesto sempre sutil que exige a concentração mais delicada. Quanto há para interpretar? O que se pode dizer?
Não é preciso dizer nada. Basta ver, ainda que o último fio seja intangível ao nossos olhos.

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