quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Arte e mercado de Xavier Greffe


Arte e mercado
    



Arte e mercado

de Xavier Greffe

Tradução:Ana Goldberger

No de Paginas:364


A partir do século XVI, a arte passou por mudanças notáveis ao se emancipar, aos poucos,de seu grande cliente, a Igreja. No século XIX, também o Estado sai de cena: os artistas criam o que querem, sem esperar por encomendas e vendendo no mercado que surge. A autonomia total da arte parece alcançada.

O mercado, porém, logo revela seus problemas e outra vez se pensa no Estado como solução, numa outra chave, aquela que pede à arte para ocupar-se menos com suas questões próprias e mais com seus aspectos extrínsecos (a arte pelo social, a arte pelo turismo, a arte pelo desenvolvimento econômico). Esses novos “mercados sociais” pautados pelo Estado estão longe de resolver a questão: os artistas ainda ganham mal e continuam tendo de curvar-se à política ou ao marketing econômico.

Os meios artísticos não gostam da economia, escreve Xavier Greffe no início deste livro. Poderia ter dito também que os meios artísticos (e culturais) recusam a ideia de que a arte (ou a cultura) seja pensada em termos de economia e, menos ainda, submetida ao sistema econômico.

Não aceitam tampouco que a lógica econômica esclareça aspectos centrais das atividades artísticas. O grande medo por trás dessas recusas é que a economia, disciplina imperialista como ele diz, possa impor à arte seus valores e princípios.O problema, porém, é que a arte não escapa da dimensão econômica. Não só hoje como, para não ir mais longe, na Renascença, quando o preço mais alto de certos pigmentos, como o azul, determinava a combinação de cores de uma pintura muito mais e para muito além de considerações estritamente estéticas.

A arte buscou durante muito tempo sua autonomia – diante da religião e, depois, do Estado. O mercado foi a grande alternativa, sobretudo depois que, graças a ele, os artistas puderam dispensar até mesmo as encomendas específicas que recebiam dos compradores particulares e passar a criar o que bem entendessem, cabendo ao mercado, num segundo momento, comprar ou não o que haviam feito.

Cada uma dessas etapas de liberação tem seu valor e seu preço econômicos. Neste estudo, Xavier Greffe põe em evidência os encantos e desencantos do artista diante das diferentes esferas das quais dependeu e depende. Uma parte importante de seu livro é dedicada às relações da arte com a economia de mercado e outra, às tendências observadas hoje de levar a arte a ocupar-se mais de seus efeitos sociais e econômicos – manifestados em temas como a inclusão social, o atendimento das exigências do turismo e as necessidades do desenvolvimento econômico em geral – do que de suas questões intrínsecas. Se a arte esteve antes subjugada aos interesses dos outros – Igreja, Estado, política –, sua situação atual, pelo menos nos países subdesenvolvidos, não é muito melhor. Conhecer o sistema econômico da arte é o primeiro passo para colocá-la em condição de atender realmente não apenas aos direitos culturais, que hoje se reconhecem, como a seus próprios direitos específicos. Escreveu TEIXEIRA COELHO.


O AUTOR
Xavier Greffe é professor da Université de Paris I – Sorbonne, economista da cultura e colaborador frequente da Unesco e da União Europeia, além de docente convidado pelo Observatório Itaú Cultural para o curso de especialização em gestão e política cultural.





"Desdobramentos recentes da gestão das instituições e empresas culturais"

Com Xavier Greffe (França) - professor da Universidad de Paris I Sorbonne (França).

Turma 1. Módulo 2. Aula 6.


Xavier Greffe fala sobre a sustentabilidade econômica na gestão de empresas e instituições culturais, partindo da noção de que a gestão cultural é, por necessidade, utilitarista e, portanto, precisa legitimar a verba recebida ou encontrar um modo de monetizar os projetos. Greffe fala também da questão da gratuidade na cultura e sua viabilidade na conversa das instituições com o setor público e privado, abordando a questão da internet e as possíveis soluções para a indústria musical em sua luta por sobreviver nesta nova realidade.

Ao final da aula, há um debate entre Xavier Greffe, Teixeira Coelho, Enrique Bustamante e Enrique Saravia, em que discutem estratégias gerais e específicas de sustentabilidade econômica na cultura.

Aula do Curso de Especialização em Gestão Cultural, realizada pelo Instituto Itaú Cultural em parceria com a Universidade de Girona (Espanha), por meio da Cátedra Unesco de Políticas Culturais e Cooperação, e com apoio da OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos). Gravada em 28 de novembro de 2009, no Itaú Cultural, em São Paulo/SP.

Créditos:
Vídeo: Inpacto Produções
Edição: Menina dos Olhos do Brasil


UM LANÇAMENTO




 

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