sexta-feira, 11 de abril de 2014

Embaixador brasileiro lança livro sobre o Iraque



 
A obra - que será apresentada na Câmara Árabe - aborda história do país desde 1921 até os dias atuais. Autor reabriu a embaixada brasileira em Bagdá na década passada
 
São Paulo, 9 de abril de 2014 – O embaixador Bernardo de Azevedo Brito está lançando esta semana o livro “Iraque: dos primórdios à procura de um destino”, que conta a história do país desde 1921 até os dias de hoje. Nesta quarta-feira, dia 9, ele esteve na Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, em São Paulo, para fazer uma apresentação sobre o livro. A obra, na avaliação do autor, deve interessar a acadêmicos e a empresários que querem fazer negócios no Iraque.
“As empresas brasileiras devem ter uma presença maior no país, cito elementos para uma presença consciente, uma perspectiva das dificuldades. O livro fala do Iraque desde [Winston] Churchill [então secretário de Estado das Colônias Britânicas], em 1921, até agora, e mostra que os problemas de hoje já existiam naquela época”, afirmou o autor, que foi embaixador do Brasil na nação árabe de 2006 a 2011 e acompanhou de perto a realidade local.
De acordo com o diplomata, fazem parte da atual realidade do Iraque uma economia em expansão e a recuperação da indústria do petróleo. “É um país próspero e de grandes perspectivas na região”, destacou. Mesmo na seara política Brito vê avanços. Para ele, a jovem democracia iraquiana é problemática, mas é uma democracia, e a Constituição de 2005 “é bastante avançada”.
OCUPAÇÃO

A obra aborda os diferentes momentos da história moderna da região, começando pela monarquia imposta pelos ingleses, passando pela república e o regime de Saddam Hussein, a Guerra Irã-Iraque, a invasão do Kuwait, as sanções que se seguiram, a invasão norte-americana de 2003 e os acontecimentos mais recentes que afetaram o país e o mundo árabe.
Brito diz, por exemplo, que a Primavera Árabe mostrou que a população consegue mudar regimes ditatoriais no Oriente Médio “sem a necessidade de intervenção externa”. “O povo encontra sua solução”, afirmou. Para ele, a ocupação do Iraque pelos Estados Unidos “foi uma agressão”.
O embaixador decidiu escrever o livro para trazer à luz ao leitor brasileiro uma realidade pouco conhecida, que além da violência sectária que marcou o país após a invasão norte-americana. “Há atentados, há a insatisfação da minoria sunita, existem problemas, mas há também outra realidade”, declarou.
DEMOCRACIA

Ela é avançada, diz Brito, na medida em que prevê um instrumento chamado “geometria variável” que, em tese, permite que diferentes regiões do país tenham autonomia sem que isto signifique a separação da união. “É que no Iraque e no Oriente Médio há mais do que o princípio de ‘um homem, um voto’, há também a questão das minorias”, destacou.
O embaixador se diz “otimista” com o futuro do país. “Eu diria que o livro é realista, mas há uma dose equilibrada de otimismo”, ressaltou. A obra, em sua avaliação, deve interessar a acadêmicos e a empresários que querem fazer negócios no Iraque. Brito foi o principal incentivador da participação de companhias brasileiras em feiras na região do Curdistão, no norte do Iraque, primeiro em Suleimaniyah e depois em Erbil. A Câmara Árabe, o Itamaraty e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) organizam anualmente o estande do Brasil na Feira Internacional de Erbil, que em 2014 será realizada de 22 a 25 de setembro.
LANÇAMENTO

A obra é uma publicação da Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e foi lançada oficialmente no dia 10, na Fundação Cultural Badesc, em Florianópolis, onde Brito mora.
Brito entrou na carreira diplomática em 1958, trabalhou nas embaixadas brasileiras em Copenhague, na Dinamarca, e Oslo, na Noruega, e foi cônsul em Sevilha, na Espanha. Ele integrou a missão Brasileira na ONU, foi representante do País na Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos (PMA) e embaixador do Brasil no Iraque, Zâmbia, Zimbábue, Finlândia e Estônia.
O embaixador, que hoje tem 78 anos, se aposentou após ter servido como chefe do escritório de representação do Brasil em Ramallah, na Cisjordânia, órgão que ele mesmo inaugurou em 2004. Foi chamado de volta à ativa para reabrir a embaixada brasileira em Bagdá, que estava fechada desde o início dos anos 90. “Sou duas vezes aposentado”, brincou.
Serviço
“Iraque, dos primórdios à procura de um destino”
Bernardo de Azevedo Brito
Editora UFSC
376 páginas
Preço: R$ 58,00
Onde comprar: www.editora.ufsc.br
 
Lançamento
Quinta-feira, 10/04, às 19 horas
Local: Fundação Badesc, Rua Visconde de Ouro Preto, 216, Centro, Florianópolis, SC
Tel.: (048) 3224-8846
Site: http://fundacaoculturalbadesc.com/ encomendado especialmente para a ocasião.
 
Sobre a Câmara de Comércio Árabe-Brasileira
A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira representa 22 países árabes, foi fundada em 1952 e tem como missão aproximar comercialmente o Brasil dos países árabes, incrementando intercâmbios culturais e turísticos entre árabes e brasileiros. A entidade oferece diversos serviços, como certificação de documentos, informações de mercado, traduções, realiza eventos e workshops. Disponibiliza, também, o Espaço do Conhecimento Comercial, um centro de referência para pesquisas das relações entre o Brasil e os países árabes.

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