segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

POLÍTICA PÚBLICAS E CAPOEIRA - Relançamento de Mestres e capoeiras famosos da Bahia (2ª edição)






POLÍTICA PÚBLICAS E CAPOEIRA





Os negros escravos, vindos principalmente de Angola, não aceitaram pacificamente o cativeiro, e já nos rituais religiosos praticavam danças de ritmo frenético, ao som de instrumentos de percussão. As danças eram coreografias de gestos rápidos e precisos cheias de saltos e ginga de extraordinária flexibilidade e agilidade. Dali surge a possibilidade de para escaparem de seus feitores, aliar sua destreza de movimentos a golpes de lutas africanas e desenvolvendo assim uma técnica de defesa e ataque surpreendentemente inovadora.Nascia a Capoeira.

Era o século XVII e a luta foi desenvolvida para os escravos enfrentarem as capturas violentas e cruéis dos chamados Capitães de Mato. Os confrontos aconteciam em geral nas capoeiras. E assim vinha a expressão para os escorraçados algozes - Eles nos pegaram na copeira! E capoeira ficou.

Em 1821, a capoeiragem já era severamente reprimida. Sua prática ficou sujeita a castigos corporais e a medidas não menos punitivas. O governo republicana, instaurado em 1889, deu continuidade à política de repressão e associou diretamente a Capoeira à criminalidade, como consta no Decreto 847 de 11 de outubro de 1890 com o título "Dos Vadios e Capoeiras":

Artigo 402: Fazer nas ruas ou praças públicas exercícios de destreza corporal, conhecidos pela denominação de capoeiragem: pena de seis meses a dois anos de reclusão.

§ Único: É considerada circunstância agravante pertencer o capoeira a alguma banda ou malta. Aos chefes, ou cabeças, impor-se-á a pena em dobro.


A Secretaria Nacional de Esporte Educacional, órgão do Ministério do Esporte, trabalha para o reconhecimento da capoeira como esporte genuinamente nacional e já está em curso a elaboração do plano nacional de política pública para a capoeira, no mesmo espírito do projeto-de-lei apresentado na Assembléia Legislativa da Bahia.


Nas ações propostas com a parceria entre os ministérios da Cultura, Esporte e Educação trabalha-se para que a capoeira não seja vista apenas como prática desportiva, mas como atividade cultural e artística. Queremos ainda a Capoeira em todas as escolas uma vez que a maioria das escolas que tem a capoeira como prática desportiva é da rede particular. A queremos nas escolas públicas.

Dentro dessa visão é de Fundamental importância -

Criar fundos de incentivos públicos de apoio à capoeira;

Mapear, registrar e documentar as manifestações de capoeira;

Estabelecer instâncias de diálogo entre o Estado e a sociedade civil para a formulação e deliberação de políticas culturais e incentivo à prática da capoeira;

Criar mecanismos que favoreçam a inclusão das culturas populares nos processos educativos formais e informais, como a utilização da capoeira nos programas educacionais, de esporte e lazer;

Criar marcos legais de proteção aos conhecimentos tradicionais e aos direitos coletivos;

Democratizar a distribuição de recursos nas várias regiões do Brasil;

Facilitar o acesso e desburocratizar os instrumentos de financiamento de modo a democratizá-los aos segmentos populares.


 



Antes de mestre Pastinha (que nasceu em 1889) abrir sua escola Mestre Bimba foi o responsável pela criação do método de ensino da Capoeira Regional. A Capoeira ganhava uniformização e método de ensino.

Manoel dos Reis Machado (mestre Bimba) utilizou seus amplos conhecimentos da Capoeira de Angola e do Batuque para criar em 1928 a Capoeira Regional. Nascido em  1900 (23 de novembro, Salvador/Bahia) adquiriu a condição de Mestre graças ao reconhecimento de seu trabalho e pelo respeito da sociedade baiana.


Coincidentemente foi em 1889 que mestre Pastinha nasceu (em 5 de Abril, Salvador/ Bahia). Ele foi o maior nome da Capoeira de Angola. Ele manteve os fundamentos desse tipo de Capoeira e implantou alguns de sua criação. Mesmo com toda a sua importância, morreu na miséria em 13 de novembro de 1981.

No final do século XIX surgem as de capoeiras, grupos que se multiplicaram depois no século passado e no qual se incluíam figurões importantes da política da época. As maltas no Rio ficaram famosas, entre elas as denominadas Cadeira de Senhora (freguesia de Sant'Anna), Guaiamuns (freguesia da Cidade Nova), Luzianos (Praia de Santa Luzia) e Espada (Largo da Lapa). Há registros em jornais e livros da época, relatando a atuação de grupos semelhantes em São Paulo, Recife e Salvador.

Insatisfeito com o preconceito e a marginalização que envolviam a arte-luta brasileira,  Mestre Bimba resolve criar a Capoeira Regional.

A chegada de Getúlio Vargas ao poder, leva a medidas para angariar a simpatia popular e entre elas a liberação de uma série de manifestações populares. O presidente Getúlio convidou Manoel dos Reis Machado, o mestre Bimba, para uma apresentação no Palácio do Governo. Temendo a popularização da arte - luta, Getúlio Vargas permitiu a abertura da primeira academia de capoeira, que teria um cunho folclórico. Após isso a capoeira perderia em parte suas características de luta marginal e vadiagem, visto que para freqüentar a academia de mestre Bimba os indivíduos eram obrigados a ter carteira de trabalho assinada.

A partir de 1972, surgiram as primeiras Federações Estaduais, sob a direção do Departamento Nacional de Luta Brasileira, sendo organizadas várias competições nacionais dentro de uma visão pugilista. Em 23 de outubro de 1992, após reformulação, este Departamento foi transformado na Confederação Brasileira de Capoeira, e foi vinculada ao Comitê Olímpico Brasileiro em 1995. Hoje a Capoeira se encontra em 164 países em todos os continentes. No Brasil, 6 milhões de pessoas praticam a arte, segundo dados da CBC (Confederação Brasileira de Capoeira) e da FIC (Federação Internacional de Capoeira), com sede em Lisboa.

A Capoeira integrou ainda a Confederação Brasileira de Pugilismo, entidade eclética, durante vários anos administrou os esportes de lutas, assim como, Karatê, Judô, Artes Marciais, Luta Livre e Greco-Romana, etc. até que as modalidades foram se organizando e formando suas próprias entidades específicas. Na Assembléia Geral Extraordinária em 8 de maio de 1998, com a reforma dos estatutos e adequação à Lei Pelé, a denominação foi alterada para Confederação Brasileira de Boxe.

PRINCÍPIOS

O conceito de Diversidade Cultural é fator fundamental para a construção contemporânea das Políticas Públicas, especialmente nas áreas da Cultura e das Políticas Sociais. A Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural e os atuais esforços desenvolvidos no âmbito da UNESCO, em torno de uma futura Convenção Internacional sobre a proteção e promoção da Diversidade Cultural evidenciam a centralidade dessas discussões.

Ao longo da história, a exclusão dos segmentos populares das políticas públicas de nosso país, bem como a segregação social e racial, têm sido fatores determinantes na desvalorização de sua produção cultural. Daí a urgência na discussão e construção de uma política nacional envolvendo os interessados - sociedade civil e gestores - a partir de um amplo debate por todo o país, que deve levar em conta os contextos locais de decisão. Garantir as condições de criar, difundir e fruir as expressões das Culturas Populares, bem como o acesso à educação e formação de qualidade que respeite a nossa diversidade cultural são direitos e elementos fundamentais para um projeto de desenvolvimento nacional.

É preciso que se lembre que o artigo 215 da Constituição Federal de 1988, determina que:

"O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais".

E no parágrafo primeiro especifica que:

"O Estado protegerá as manifestações populares, indígenas e afro-brasileiras, e as de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional."

Dentre as políticas públicas que devem contemplar a capoeira destacamos -

·           criação de um Centro de Referência no Pelourinho, em Salvador, que servirá não só de acervo de pesquisas, livros, adornos e imagens sobre a Capoeira, mas também de espaço para atividades. A Bahia, assim, deve se afirmar como uma espécie de 'Meca da Capoeira';

·           criação de um programa para escolas de todo o Brasil junto aos ministérios da Educação e do Esporte, que também considere a capoeira como prática cultural e artística, e não apenas como prática desportiva;

·           criação de uma previdência específica para artistas, com atenção especial aos capoeiristas;

·           apoio diplomático aos capoeiristas que hoje vivem no exterior - que podem ser considerados verdadeiros embaixadores da Cultura Brasileira;

·           reconhecimento do notório saber dos mestres;

·           lançamento de editais de fomento para projetos que usem a capoeira como instrumento de cidadania e inclusão social.


RELANÇAMENTO DE UMA OBRA FUNDAMENTAL  - 



Mestres e capoeiras famosos da Bahia (2ª edição)

Autor(a): Pedro Abib
Ano: 2013
Área: Artes cênicas e recreativas
Editora: EDUFBA
Edição: 2ª

Nº de Páginas: 195
Dimensões: 17 x 24 cm
Acabamento: Brochura
Peso: 340 g
Idioma: Português

“Sem a lembrança dos antepassados (serão ancestrais?), a capoeira não tem (en)canto”, afirma Frederico José de Abreu no prefácio da obra, e tal lembrança é a principal característica do livro, que traz, ao longo de seus capítulos, vários nomes de mestres capoeiristas que tiveram importância na história da capoeira baiana, como Besouro, Bimba, Pastinha, Bobó, Ferrerinha de Santo Amaro, entre outros. O livro é resultado das pesquisas realizadas pelo Grupo MEL – Mídia, Memória, Educação e Lazer da Faculdade de Educação da UFBA, do qual o autor é coordenador.



 
LANÇAMENTO









Para quando formos melhores

Para quando formos melhores

     


de Celeste Antunes

Coleção Nova Prosa

104 p. - 12 x 21 cm

2013 - 1ª edição

Vertiginoso, engraçado e irreverente. Essas três palavras chegam perto, mas não dizem tudo o que o leitor irá encontrar em Para quando formos melhores, o romance de estreia de Celeste Antunes, nascida em São Paulo em 1991. Com linguagem veloz e criativa, agudo senso de observação e um timing perfeito para diálogos (que revelam sua experiência como roteirista de cinema), Celeste flagra com extrema propriedade o universo de cinco adolescentes - Sara, Fran, Lucas, Teo e Miguel - nos dias de hoje, em uma grande cidade, às voltas com suas primeiras experiências afetivas, sexuais e também com drogas, num cotidiano aberto que mistura continuamente humor e angústia existencial. Como observa Fabrício Corsaletti, neste livro "os personagens são todos convincentes; misturam Marx com cerveja, Kafka com palhaço Pepino, beijo a três com medo de barata". Uma estreia incomum que, em sua aparente despretensão, tem algo de Salinger: reúne amor, amizade, inquietações filosóficas e zombaria, num tom absolutamente contemporâneo. Celeste acertou na mosca.


LANÇAMENTO

Alfabeto dos ossos de Louise Welsh


   

Alfabeto dos ossos

de    Louise Welsh

Título Original:     Naming the bones
Tradutor:     Bruna Hartstein

Páginas:     462
Formato:     16 x 23 cm


Com uma escrita afiada e após centenas de pedidos de leitores brasileiros, chega ao Brasil Alfabeto dos ossos, de Louise Welsh. O livro combina uma dose forte de suspense com linguagem e estrutura literárias. Quando publicado, surgiram comparações com Ruth Rendell e P.D. James, e, até os mais fervorosos fãs da autora surpreenderam-se positivamente com este novo romance.  Alfabeto dos ossos apresenta a busca incessante de um professor universitário, Murray Watson, por informações sobre um poeta controverso, Archi Lunan, que há décadas publicou apenas uma obra. Murray, fã desde que era jovem, até hoje não entende por que só um livro, mesmo que este tenha recebido elogios e por que Lunan sumiu logo após a publicação. Em sua busca, o docente se surpreende quando, ao pesquisar a vida de Archie, não encontra praticamente nada. Além de não ter tido amigos, todos dizem não se lembrar do poeta e não saber nada sobre sua única obra. Contudo, ele percebe que os entrevistados escondem algo e que existe um grande ressentimento quanto a Lunan. Para piorar, a única pessoa que poderia ajudá-lo, a ex-mulher do escritor, mora numa ilha e se nega a conversar com o professor.  O livro expõe também como é restrito e corporativista o círculo literário britânico. Talvez similar à maior parte do mundo. Ao investigar a vida de Lunan, Murray depara-se com descaso de professores, de escritores, de bibliotecários, entre outros.  Louise Welsh retrata o mundo literário de um ângulo diferente, utilizando várias passagens poéticas que, ao se misturarem ao texto dinâmico em prosa, criam uma combinação diferente e de sucesso.

A CRITICA
“Não é a mágica que nos conduz para um outro mundo — é a narrativa da história. E Louise Welsh é amante dessa noite escura.” (Val McDermid)
“Magistral. Um enredo cada vez mais profundo de segredos, mentiras e morte.” (The Times)
“Welsh acumula tensão capítulo após capítulo. Arrebatador.” (Vogue)




A AUTORA
Louise Welsh
nasceu em 1965 e estudou História na University of Glasgow, na Escócia, onde ainda vive. Em 2002, lançou The Cutting Room, livro que ganhou o prêmio do Crime Writers’ Association de melhor romance policial de estreia. Já escreveu cinco livros. Alfabeto dos ossos é o primeiro pela Bertrand Brasil.





Lançamento


'Cão' de Rui Xavier

'Cão'

de  Rui Xavier
Gênero: Romance
Editora: nVersos 

Edição: 1º edição 

Formato: 14 x 21 cm  






'Cão', primeiro romance do escritor e dramaturgo Rui Xavier, é um crime-fábula-tragédia sobre amor, poder e dinheiro narrado de forma tensa e misteriosa. A trama envolve uma publicitária bem sucedida que nos conduz pelos difíceis caminhos de uma sociedade machista. Obcecada pelo sucesso financeiro e a realização profissional, vendo o mundo como uma arena em que, para vencer é preciso ser sempre linda, fashion, competitiva e genial, ela vai perdendo o rumo das suas relações afetivas, passando a ver todos como aliados ou obstáculos, atribuindo mais humanidade ao seu cão de estimação idealizado que às pessoas ao seu redor. Em meio a essa luta pelo status e glória, vê o relacionamento amoroso com seu marido se destruir da forma mais bizarra e surpreendente. Em linguagem direta e galopante, que prende o leitor desde a primeira página, a protagonista de 'Cão' nos envolve com inteligência e sensibilidade, além do humor cáustico e ferino, até a revelação do seu terrível segredo. O livro discute temas importantes para a sociedade, como os desafios da feminilidade (e os do casamento) no mundo competitivo do trabalho e a força muitas vezes destrutiva do dinheiro sobre as relações humanas, mas é também o retrato comovente de uma tentativa de felicidade.



UM LANÇAMENTO

Do amor: uma filosofia para o século XXI de Luc Ferry


   

Do amor: uma filosofia para o século XXI

de  Luc Ferry

Título Original:     De l’amour: une philosophie pour le XXIe siècle

Tradutor:     Rejane Janowitzer


Páginas:     252

Formato:     16 x 23 cm



Escrito sob a forma de diálogo filosófico entre Luc Ferry e seu colega Claude Capelier, Do amor - Uma filosofia para o século XXI trata dos fundamentos históricos e éticos da sociedade do Ocidente contemporâneo. São abordados aspectos econômicos, educacionais, culturais, comportamentais, geracionais, entre outros. O título é retomado do escritor Stendhal, mas o amor a que faz referência é o “ágape”, a caridade pelo outro, inclusive pelo inimigo. Ferry associa a isso a atenção que as pessoas dedicam à família, baseada não mais no casamento arranjado, mas no casamento por amor, aos filhos e à sua descendência. O arco e a flecha do deus Eros não visam mais somente ao coração dos amantes, recíprocos ou não, mas também à família, acrescida da humanidade. Ainda de acordo com o autor, deste pensamento provêm a inquietude e o cuidado ecológicos, a caridade humanitária e a diplomacia da paz em uma sociedade bem menos egoísta.  Como em muitos de seus livros anteriores, Luc Ferry escreve de maneira cuidadosa, tentando conduzir até seu mais modesto leitor por uma caminhada voluntária de esclarecimento pedagógico. A riqueza conceitual é indubitável e inúmeras ideias são impactantes, como a sátira do pessimismo, ou "o intolerável, o ponto onde a extrema esquerda, à força de sacralizar o direito à diferença, junta-se à mais detestável extrema direita que recusa toda liberdade". Em Do amor, Luc Ferry fala da ascensão silenciosa do amor como valor central nas sociedades modernas, ascensão que cria um princípio de significado e uma completa redefinição da expressão “levar uma boa vida”.






O  AUTOR
Luc Ferry foi ministro da Educação entre 2002 e 2004, é doutor em filosofia e concursado tanto em filosofia quanto em ciência política. Foi professor universitário e atualmente se dedica a escrever livros, alguns traduzidos no mundo todo. Publicou, pela Difel, A nova ordem ecológica: a árvore, o animal e o homem, Kant: uma leitura das três “Críticas”, O que é uma vida bem-sucedida?, O homem-deus e Diante da crise: materiais para uma política de civilização.




um lançamento da





Grandes Lançamentos da É !

Biblioteca Textos Fundamentais

Começamos bem o ano com cinco livros imperdíveis -

A Biblioteca Textos Fundamentais pretende publicar livros introdutórios dedicados ao estudo de uma única obra. Os livros serão especialmente escritos por consagrados especialistas brasileiros e estrangeiros.

As seguintes áreas serão abordadas:

  1. textos literários adotados nos programas de acesso às universidades;
  2. textos de valor intrínseco para uma formação humanista, incluídos os clássicos do teatro universal;
  3. textos-chave da história da filosofia e das ciências humanas;
  4. filmes e óperas, ampliando assim o próprio conceito de “texto”.

Casa-Grande & Senzala
O Livro Que Dá Razão ao Brasil Mestiço e Pleno de Contradições

de Mario Helio

Formato: 11,7 X 21 cm

Número de Páginas: 200

Acabamento: Brochura 

 

Casa-Grande & Senzala, o Livro Que Dá Razão ao Brasil Mestiço e Pleno de Contradições, do reconhecido antropólogo e crítico cultural Mario Helio, apresenta uma das mais originais abordagens da obra clássica de Gilberto Freyre.
Aliás, originalidade que começa pelo longo subtítulo, que não deixa de evocar o artifício dos romances do século XVIII, derramando-se como a “prosa gorda” do autor de Nordeste, na caracterização exata, embora um tanto ambígua, de João Cabral de Melo Neto.
Assim, o autor deste livro realizou uma autêntica façanha intelectual, encontrando ângulos inéditos para iluminar uma das obras mais bem estudadas da cultura brasileira.
O leitor encontrará aqui um novo Gilberto Freyre, surgindo através da força de sua obra-prima, relida numa ótica surpreendente.
A sutileza da análise de Mario Helio é anunciada desde o parágrafo de abertura deste livro: “Gilberto de Mello Freyre nasceu no Recife, Pernambuco, no dia 15 de março de 1900.
Talvez seja menos pueril do que parece atribuir um tanto de importância biográfica e psicológica aos termos grifados: sobrenomes, lugar e ano de nascimento do autor de Casa-Grande & Senzala.”
De fato, com rara sutileza, o autor demonstrou a centralidade dessas circunstâncias e desses detalhes na obra de Freyre, pois o gosto pelo arcaico, enraizado no amor pela cidade do Recife, dialoga, ainda que pelo avesso, com o espírito finissecular, geralmente definido pela adesão à urgência do aqui e agora.
Moderno, mas nunca modernista; universal, porém sem o desejo provinciano de ser cosmopolita, Freyre tornou verdadeira experiência existencial o conceito-chave de seu entendimento da forma de convívio tipicamente brasileira. Desse modo, em sua escrita e em sua vida, Freyre também soube encontrar o equilíbrio de antagonismos. A importância de sua obra depende dessa habilidade.
Mario Helio ofereceu ainda uma seleção de passagens incontornáveis de Casa-Grande & Senzala, permitindo ao leitor uma visão panorâmica dos pressupostos e da riqueza da linguagem de Gilberto Freyre.
Por fim, o autor selecionou, com critério e oportunidade, os principais títulos para o estudo da obra-prima de Freyre. Este livro, portanto, nasce como uma referência indispensável ao conhecimento pleno de Casa-Grande & Senzala.

 

Esaú e Jacó Olhares sobre a leitura

de Henriqueta Do Coutto Prado Valladares

Formato: 11,7 X 21 cm

Número de Páginas: 200

Acabamento: Brochura

 

Esaú e Jacó, Olhares sobre a Leitura, da destacada professora de teoria da literatura Henriqueta Do Coutto Prado Valladares, apresenta uma introdução tão detalhada quanto ampla de um dos títulos mais importantes da literatura brasileira, constituindo um guia ideal ao pleno entendimento do penúltimo romance de Machado de Assis. Detalhada, de fato, é a interpretação de Prado Valladares dedicada à caracterização dos recursos estilísticos que estruturam o romance. Ampla, porém, é a perspectiva que informa a leitura do desenvolvimento da trama dos dois gêmeos e, sobretudo, rivais irreconciliáveis.
Vejamos.
De um lado, após explorar de modo inovador as relações entre a vida e a obra do Bruxo do Cosme Velho, a autora ofereceu um panorama completo das mais importantes interpretações do romance. Afinal, "um livro clássico suscita uma verdadeira avalanche de textos críticos e que não cessa de sensibilizar leitores ao longo de diversos tempos".
E, por isso mesmo, trata-se de um clássico! Assim, o leitor pode conhecer as múltiplas facetas do romance através das análises desenvolvidas por sucessivas gerações de exegetas; gerações fascinadas com a presença de eventos decisivos da história brasileira na narrativa machadiana: a crise da Monarquia; a abolição da escravatura; a Proclamação da República.
De outro lado, Prado Valladares compreendeu Esaú e Jacó a partir de um olhar que singulariza sua escrita. Ora, o texto de Machado de Assis coloca em cena um inesperado cruzamento de teorias sobre a leitura, assim como propõe leituras céticas e desestabilizadoras de teorias hegemônicas.
Assinale-se, aqui, a sutil análise que a autora forneceu da célebre passagem do romance: "o leitor atento, verdadeiramente ruminante, tem quatro estômagos no cérebro, e por eles faz passar e repassar os atos e os fatos, até que deduz a verdade, que estava ou parecia estar escondida".
Prado Valladares ensinou a decifrar passagens similares com uma saudável desconfiança, pois, na letra do texto machadiano, a ideia de "verdade" é sempre colocada sob suspeição.
O que não se deve duvidar, contudo, é da importância deste livro para um exame inovador de Esaú e Jacó.

 

 

Grande Sertão: Veredas Travessias

Autor: Eduardo de Faria Coutinho

Formato: 11,7 X 21 cm

Número de Páginas: 136

Acabamento: Brochura

 

Grande Sertão: Veredas, Travessias, do renomado crítico e teórico Eduardo F. Coutinho, oferece um completo e complexo panorama da vida e da obra de Guimarães Rosa. O destaque é naturalmente concedido à obra-prima do autor, mas, ao mesmo tempo, o crítico esmiuçou o conjunto da produção rosiana, traçando suas origens e seus diálogos com distintas tradições literárias.
Entre tantos diálogos possíveis, dada a vastidão dos interesses culturais e dos conhecimentos linguísticos de Rosa, este livro resgata um percurso fundamental, geralmente negligenciado. Trata-se da inserção rosiana na literatura latino-americana como um todo – e esse é um dos aspectos mais relevantes da bela interpretação aqui desenvolvida.
Na aguda percepção de Coutinho, o autor de Sagarana inventou uma forma própria; forma capaz de tornar produtiva a oscilação constitutiva das culturas latino-americanas. De fato, Rosa demonstrou a vitalidade da "presença de uma tensão entre tendências opostas que se expressavam através de pares antinômicos do tipo: regionalismo x universalismo, objetivismo x subjetivismo, consciência estética x engajamento social".
A riqueza da linguagem rosiana tanto resultou dessa tensão quanto ajudou a superá-la, através da invenção de um universo ficcional único.
Desse modo, Grande Sertão: Veredas é um livro que abriu novos caminhos, enraizando-se num espaço e tempo determinado, e, por isso mesmo, alcançando uma universalidade poucas vezes atingida por uma obra literária – independentemente de latitudes ou idiomas.
O relevante e detalhado estudo analítico do romance é enriquecido pela análise inspirada de uma passagem-chave, precisamente o momento em que, próximo ao final da narrativa, Riobaldo
descobre o segredo que poderia ter transformado sua história; porém, como costuma acontecer, o mistério se esclarece tarde demais. A análise dessa passagem ajuda a caracterizar o estilo de todo o texto.
Por fim, Eduardo F. Coutinho concluiu seu estudo com sugestões de leitura para quem deseje aprofundar o conhecimento de Grande Sertão: Veredas, tornando este livro um título indispensável para a compreensão da grandeza de Guimarães Rosa.

 

 

Iracema
Contemporâneo da Posteridade?

Autor: Ivo Barbieri

Formato: 11,7 X 21 cm

Número de Páginas: 136

Acabamento: Brochura 

 

Iracema, Contemporâneo da Posteridade? apresenta um estudo indispensável para o entendimento inovador da obra de José de Alencar; estudo assinado por um dos mais finos e agudos críticos literários brasileiros: Ivo Barbieri.
Aliás, o subtítulo deste livro dá bem a medida da inteligência do crítico.
Em resenha publicada no calor da hora, em janeiro de 1866, Machado de Assis entusiasmou-se com a tradução da sensibilidade indígena propiciada pelo romance alencariano. Nas páginas de Iracema, "tudo ali nos parece primitivo"; por isso, o resultado do esforço não poderia ter sido mais bem-sucedido: "o futuro chamar-lhe-á obra-prima". O cuidadoso leitor ofereceu um apanhado do enredo: "A fundação do Ceará, os amores de Iracema e Martim, o ódio de duas nações adversárias, eis o assunto do livro".
Ivo Barbieri, de igual modo, um dos nossos mais respeitados machadianos, desenvolveu e aprofundou a intuição do mestre, propondo uma hipótese fascinante.
Nas suas palavras: "A tupinização da língua portuguesa atestada pela incidência no texto de inúmeros vocábulos de origem indígena é sinal que indicia o processo geral de miscigenação. Esse, o grande tema que atravessa praticamente todos os planos da obra: argumento histórico, fábula, projeções míticas, implicações ideológicas, discurso e narrativa. De fato, o encontro e cruzamento de duas culturas é o eixo que tudo articula e o centro de gravitação para o qual convergem componentes e procedimentos ficcionais".
Na interpretação aqui proposta, Alencar tornou Iracema autêntico ensaio ficcional, isto é, a trama esboça uma teoria geral da miscigenação, vista como traço próprio da cultura brasileira.
Além disso, o autor produziu uma notável síntese biográfica do escritor de O Guarani, iluminando sua obra – aqui, examinada em seu conjunto. Há mais: Barbieri enfatizou tanto "a contribuição antecipadora de José de Alencar relativamente ao debate da questão ecológica" quanto sua capacidade de "criar uma linguagem inaugural e descortinar novos horizontes para a cultura brasileira".
Este notável livro, portanto, desenha uma nova interpretação da obra de José de Alencar, oferecendo uma análise inspirada, e desde já incontornável, de sua obra-prima, Iracema.

 

 

O Filho Eterno
O Duplo do Pai: O Filho e a Ficção de Cristovão Tezza

de Victoria Saramago

Formato: 11,7 X 21 cm

Número de Páginas: 160

Acabamento: Brochura 

 

O Filho Eterno, O Duplo do Pai: O Filho e a Ficção de Cristovão Tezza é um notável estudo de Victoria Saramago, uma das vozes mais promissoras da crítica e da literatura atuais. A jovem autora apresentou um estudo completo do conjunto da obra de um dos nomes definitivos da literatura brasileira contemporânea, cuja consagração crescente representa o justo reconhecimento de uma literatura que se distingue pela força da linguagem e pela originalidade da visão de mundo de seu autor.
De fato, Cristovão Tezza escreveu o romance mais premiado dos últimos anos, O Filho Eterno. Nele, o autor enfrentou um delicado tema autobiográfico: o nascimento de um filho portador da síndrome de Down. Trata-se da história de Felipe, o próprio filho de Tezza. Contudo, o autor desenvolveu uma elaborada estrutura textual que permitiu criar alguma distância entre vida e obra, circunstância existencial e exercício literário, isto é, invenção propriamente linguística. No caso, o inegável impulso autobiográfico foi matizado por um agudo traço estilístico: o texto é dominado por um narrador em terceira pessoa, embora às vezes apareça, aqui e ali, uma "constrangida" voz que evoca um narrador em primeira pessoa. Porém, o predomínio quase absoluto do ponto de vista externo metamorfoseou experiência individual em obra de arte.
Na inspirada análise da autora, se o livro possui elos com a tradição clássica do romance de formação, isto é, do Bildungsroman, ao mesmo tempo, o texto de Tezza engendra uma diferença decisiva:
"É quando o pai se desliga dos clichês relacionados a Bildung e à juventude na modernidade, é quando abre mão do modelo clássico da formação do artista, é quando enfim se reconhece sem o comando da encenação que fora sua existência até o momento, é aí que a verdadeira Bildung pode afinal ter lugar."
Registre-se a ousadia do gesto: Victoria Saramago analisou com rara argúcia a obra de um clássico contemporâneo, fornecendo um modelo indispensável não só para o entendimento pleno de O Filho Eterno, mas para uma abordagem inovadora da própria literatura brasileira contemporânea.

 

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