terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Juventude: aumenta acesso à educação na América Latina, mas desafios permanecem

Juventude: aumenta acesso à educação na América Latina, mas desafios permanecem
O capítulo “Juventud: áreas críticas de la agenda para el desarrollo con igualdad”, do último relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), chamado Panorama Social de América Latina, mostra uma evolução considerável na região da porcentagem de jovens que tem acesso à educação, conforme o gráfico abaixo: de 1990 a 2012 aumentou em 6.6 pontos percentuais (p.p.) a proporção de jovens de 25 a 29 anos que concluíram o ensino superior na região e no mesmo intervalo de tempo subiu 33,5 p.p. a proporção de jovens de 15 a 19 anos que concluíram a educação primária. Os avanços se aceleram, no entanto de 2002 a 2012, como mostra o gráfico.

América Latina (18 países): evolução da proporção de jovens de 15 a 29 anos que concluíram a educação primária, secundária e terciária, segundo grupo etário, 1990, 2002 e 2012 (em %)

No entanto, o estudo mostra ainda três grandes desafios para a região quanto aos jovens:
- os “nem nem”: aproximadamente 30 milhões de jovens entre 15 e 29 anos de 18 países da América Latina (22% do total da população dessa faixa etária) se encontravam fora do sistema educativo formal e não estavam empregados, os chamados “nem nem”. No entanto, dos jovens “nem nem” de 15 a 29 anos na América Latina, 55% se dedicam a trabalhos domésticos e cuidados não remunerados e 70% dos que se declaram nessa última categoria são mulheres, o que mostra que parte importante das mulheres jovens na América Latina está dedicada a cuidar de outros e realizar trabalhos domésticos sem remuneração.
- a taxa de desemprego diferenciada: o estudo também mostra que a taxa de desemprego da população de 15 a 24 anos na América Latina é muito superior à da população em geral (com mais de 15 anos). Para dados de 2012, a taxa geral de desemprego no Brasil era de 6,7%, enquanto para os jovens era de 15,9%.
- a violência: sete dos 14 países mais violentos do mundo estão na região: Belize, Colômbia, El Salvador, Guatemala, Honduras, Jamaica e Venezuela; e enquanto os índices sociais melhoram, os índices de violência têm aumentado na região, sobretudo a faceta da violência que afeta a juventude. Nos últimos anos, enquanto tem caído a taxa de mortalidade por violência interpessoal entre a população de 30 a 59 anos de idade, ela tem aumentado entre a população de 15 a 29 anos, bem como o patamar das taxas que atingem esse grupo mais jovem é bem mais alto que as taxas dos grupos de mais idade.
O Brasil tem bastante peso para influenciar os resultados gerais da América Latina e o Caribe e os desafios apontados em nível regional podem ser traduzidos em nível nacional. Também é um avanço brasileiro significativo o acesso dos jovens à educação, como é um desafio brasileiro responder à questão do desemprego e dos “nem nem” e da violência que atinge especialmente jovens e, mais especificamente, jovens negros no Brasil. 

Análise: Ana Luíza Matos de Oliveira, economista

As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade da sua autora,
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FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO

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