segunda-feira, 22 de junho de 2015

Crescimento e emprego industrial caem, enquanto inflação volta a subir

O aprofundamento do processo recessivo deflagrado desde o início do ano parece estar alcançando seu pico nesta metade de 2015, com os indicadores de emprego e crescimento econômico apresentando queda acentuada nos mês de abril. Segundo o Banco Central, o IBC-Br (uma espécie de prévia do crescimento do PIB calculado pelo BC) apresentou retração de 0,84% em abril, após ter registrado queda de 1,51% em março. Esta queda foi mais uma vez puxada pela retração na indústria e superou negativamente as expectativas médias dos analistas, que esperavam queda de 0,4%. Na série acumulada em doze meses, a queda da atividade já soma 1,38%. Outro dado que foi divulgado nesta manhã pelo IBGE se refere ao emprego industrial, que apresentou retração de 0,9% em relação à março, somando queda de 4,1% no acumulado de doze meses. Todos os dezoito setores pesquisados apresentaram queda no emprego, com destaque para meios de transporte, máquinas e equipamentos e produtos de metal, onde a queda superou 10%. Por fim, os dados prévios da inflação do mês de junho apresentam forte aceleração. De acordo com o IPCA-15 do IBGE, os preços subiram 0,99% entre os dias 15 de maio e 15 de junho, com destaque para a aceleração do preço de alimentos (que subiu 1,21%, puxado pela alta de mais de 40% na cebola e de 13% do tomate) e jogos de azar, que aumentaram 37,77% devido ao aumento das apostas nas loterias. O resultado superou as estimativas médias dos analistas, que esperavam alta de 0,82%, e alçou o acumulado de doze meses do índice para 8,80%

Comentário: O quadro de deterioração dos principais indicadores econômicos pressiona o governo em sua estratégia de ajuste, tendo em vista que, até o momento, nenhum dos resultados positivos esperados do ajustamento é visível. Para agravar o cenário, o quadro projetado até o final do ano não é propriamente de reversão destas tendências: o crescimento deve permanecer no campo negativo, encerrando o ano próximo de uma queda de 1,5%; o emprego industrial segue ameaçado, em particular com a queda de vendas das montadoras e a perspectiva de reconstituição dos impostos sobre a folha de pagamentos. Por fim, a inflação deve prosseguir acima da meta até meados de 2016, iniciando um período de desaceleração no segundo semestre deste ano graças ao processo recessivo enfrentado pela economia. O que fica evidente, no entanto, é que os mecanismos de indexação seguem fortes na economia brasileira, que demora a observar sua inflação se reduzir mesmo após diversos meses de queda no emprego e na atividade. O preço a se pagar pela atual estratégia de combate a carestia é por demais elevado do ponto de vista social, devendo ser discutidas estratégias alternativas de combate à inflação, que priorizem o aumento da oferta (em particular de alimentos), da produtividade e a redução da indexação.

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