quinta-feira, 16 de julho de 2015

Queda das vendas no varejo em maio deve aprofundar baixa do PIB:

 Em maio, as vendas no comércio varejista brasileiro apresentaram a quarta queda consecutiva, recuando 0,9% na comparação com o mês imediatamente anterior. O resultado superou a previsão média dos analistas, que esperavam uma queda de apenas 0,1%, com sete das dez atividades pesquisadas apresentando números negativos. Com este resultado, as vendas no varejo acumulam queda de 2% no ano e 0,5% nos últimos 12 meses, revertendo a tendência de crescimento verificada nos últimos anos. A receita nominal do setor varejista, no entanto, se manteve estável na comparação mensal, mantendo ainda um aumento nominal de 4,1% no ano e 5,7% no acumulado de 12 meses. Já o varejo ampliado, que inclui a venda de automóveis, motos e autopeças, apresentou queda de 1,8%, acumulando 9% de retração apenas em 2015 e 5% no indicador acumulado em 12 meses. No caso do varejo ampliado, a queda das vendas veio acompanhada de uma queda da receita nominal do setor, que apresentou retração de 0,9% na comparação mensal e 0,8% no acumulado de 12 meses.
Comentário: A desaceleração do consumo das famílias é generalizada, atingindo quase a totalidade dos setores comerciais, incluindo supermercados e mais fortemente o setor de bens duráveis. As causas para esta queda são conhecidas: aumento do desemprego, da incerteza, queda da renda, da confiança e do crédito. Este conjunto de fatores fez com que o último motor que empurrava a economia nacional rumo ao crescimento fosse desligado, após os motores do setor externo e dos investimentos já terem sido abalados e desligados nos anos anteriores. Com essa queda forte, certamente o PIB do segundo trimestre do ano deverá se manter no campo negativo, possivelmente apresentando um quadro ainda mais recessivo do que o vislumbrado no primeiro trimestre. Dados do Serasa apontam para queda mensal do PIB de 0,8% em maio, que devem ser confirmados esta semana com a divulgação do IBC-Br pelo Banco Central. Independentemente do tamanho da recessão do segundo trimestre, o fato realmente preocupante é que não parece haver nenhum dado importante que aponte para a retomada do crescimento, do investimento e do consumo ainda em 2015. A mudança na política econômica rumo a um caminho de austeridade fiscal e monetária parece não ter ainda alcançado seu objetivo de recuperar as expectativas, nos legando por hora apenas os efeitos recessivos dos ajustes.

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