sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Desemprego surpreende e atinge 7,5% no mês de julho

 A taxa de desemprego medida pelo IBGE surpreendeu negativamente os analistas, que esperavam que o nível de desocupação passasse de 6,9% em junho para 7% no mês de julho, tendo registrado de fato crescimento para 7,5% no mês passado. Na comparação com o mesmo período de 2014, a taxa de desemprego passou de 4,9% para os atuais 7,5%, tendo se elevado em todas as regiões metropolitanas pesquisadas. O aumento do desemprego se deveu, em grande medida, ao crescimento da população não ocupada, que apresentou alta de 9,4% entre junho e julho e 56% na comparação com julho de 2014. Já a população ocupada se manteve estável, tendo variado negativamente em setores como indústria    (- 4%) e construção civil (-5,2%), mas se ampliando em setores como educação, saúde e serviços públicos (4,2%). O emprego com carteira assinada também apresentou redução, de 1,5% na comparação com junho e 3,1% em relação a julho de 2014, tendo o rendimento médio real habitual recuado 2,4% na comparação com o mesmo mês de 2014.

Comentário: O rápido crescimento do desemprego aparece como uma das preocupações centrais do governo, que após lançar o Plano de Proteção ao Emprego (PPE), anunciou ontem a constituição de linhas de crédito de bancos públicos para empresas que mantiverem seus trabalhadores empregados. Apesar disso, a situação se deteriora rapidamente, pois muitos jovens que estavam fora do mercado de trabalho estudando e se qualificando se veem obrigados a procurar empregos, dada a queda na renda da família e eventual perda de emprego dos pais. A reversão deste cenário só ocorrerá quando o processo recessivo no qual adentrou a economia brasileira for estancado, fato que certamente não ocorrerá caso se insista em aprofundar o malfadado “ajuste” que nos trouxe a situação atual. Conforme já apontado até por analistas liberais, a estratégia do “ajuste” fracassou pois errou em seus pressupostos, minimizou os efeitos recessivos e não foi capaz de recuperar a confiança da economia brasileira, jogando-a em uma espiral descendente. A saída deste cenário passa pela recuperação da capacidade de investimento do Estado, seja através de parcerias com o setor privado (concessões e PPPs) ou aumento dos investimentos públicos, assim como pela redução das injustificáveis taxas de juros que dilapidam os resultados fiscais do Brasil, impondo excessivo custo à dívida pública. A combinação de aumento dos investimentos, câmbio desvalorizado e juros mais baixos pode recriar as condições mínimas para o aumento da demanda e da confiança empresarial, revertendo o atual cenário recessivo no médio prazo e assentando as bases para um novo projeto de desenvolvimento nacional, que deve conter muitos outros elementos além da política de curto prazo aqui sugerida. A insistência e aprofundamento do “ajuste” fiscal apenas reforçará a espiral recessiva atual, sendo incapaz de reverter o grave cenário fiscal e de falta de confiança, arriscando as conquistas econômicas e sociais dos últimos doze anos.

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