quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Desemprego volta a crescer e registra 8,9% no terceiro trimestre de 2015

A taxa de desemprego medida pela Pnad Contínua registrou nova alta no terceiro trimestre do ano, passando de 8,3% para 8,9%. No mesmo período de 2014, o desemprego era de 6,8%, tendo alcançado sua mínima no último trimestre daquele ano, quando registrou a marca de apenas 6,5% de desempregados. Na comparação com o mesmo período de 2014, o terceiro trimestre de 2015 registrou um aumento de 33,9% no total da população desempregada, com o número de pessoas ocupadas ficando praticamente estável (queda de apenas 0,2%). Isso demonstra que a maior parte do crescimento do desemprego se deveu ao crescimento da População Economicamente Ativa (PEA), que apresentou expansão de 2,1% na comparação entre o terceiro trimestre deste ano e o do ano anterior, incluindo quase 2,1 milhões de novos trabalhadores a procura de empregos. Com isso, registrou-se queda de 1,2% no rendimento médio real do trabalhador brasileiro na comparação com o trimestre anterior, o que reflete-se em uma queda na massa de rendimento real habitual dos mesmos 1,2%. Na comparação com o ano passado, ambos indicadores apontam estabilidade.
Comentário: A rápida deterioração do mercado de trabalho é um dos efeitos esperados da recessão econômica, fazendo com que muitas pessoas retornem ou adentrem mais cedo no mercado de trabalho visando aumentar a renda familiar. Este aumento da demanda por trabalho em um momento de escassez da oferta de novas vagas faz com que a taxa de desemprego aumente, dificultando a negociação de ganhos salariais reais por parte dos trabalhadores. Segundo alguns economistas liberais, a queda dos salários e o aumento do desemprego são condições necessárias para a retomada do crescimento econômico, uma vez que reduzirão o custo de produção do empresário, que terá maior expectativa de rentabilidade ao vislumbrar salários mais baixos. Estes mesmos economistas se esquecem que o salário e a renda do trabalho são também demanda pelos produtos dos empresários, que não terão nenhuma vantagem em verem seus custos de produção diminuídos, caso não tenham para quem vender seus produtos. A retração do desemprego depende, portanto, da retomada do crescimento da economia, que por sua vez depende que o país estabilize seus principais preços macroeconômicos (câmbio e juros) e encontre alguma fonte de demanda autônoma que garanta uma perspectiva positiva e minimamente estável para o empresário investir. Em um cenário de crise econômica, nenhum agente privado será responsável por demandar produtos de seus pares, uma vez que a incerteza sobre o futuro permanece muito elevada. Sendo assim, apenas o Estado é capaz de construir uma verdadeira “ponte para o futuro”, que ao invés de retirar direitos e serviços públicos das populações mais carentes, aposte no fortalecimento da infraestrutura social e logística brasileira como caminho privilegiado para a criação de demanda autônoma e, portanto, para a superação da crise atual.

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