terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Novelas da Rede Globo: estudo discute a sub-representação da população negra


Texto para discussão recém-lançado pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ (IESP-UERJ), apresenta dados sobre a diminuta participação de personagens negras nos elencos das telenovelas produzidas pela Rede Globo de Televisão desde 1984.
Embora os dados detectem uma tímida tendência à diversificação dos elencos ao longo dos anos, as 162 telenovelas da Rede Globo que foram ao ar entre 1984 e 2014 possuem, em média, 91,3% dos seus personagens centrais representados por atores e atrizes brancos, como mostra o gráfico abaixo. Tendo em vista que 47,9% da população brasileira se reconheceu como tal no último censo de 2010, há uma substantiva sub-representação desse grupo. O estudo ainda aponta que ocorre uma repetição de atores e atrizes negros, o que mostra o diminuto número de atores e atrizes pretos ou pardos com destaque no mundo da telenovela.
Percentual médio de atores e atrizes em cada novela de acordo com sua cor (1984-2014)
No rol de novelas “menos brancas”, o estudo aponta que são mais frequentes as ambientadas em espaços considerados subalternos: há maior probabilidade de as novelas com maior número de pretos e pardos se situarem nas regiões Norte e Nordeste do país, seguidas da região Centro-Oeste e de novelas ambientadas Sudeste (onde se passam 75% das novelas realizadas pela Globo) têm proporção menor de não brancos que as novelas ambientadas na Europa: a região é representada como mais branca que a própria Europa.
Ainda, os dados sugerem que as novelas que se passam no período em que ainda havia escravidão no país (Brasil Colônia e Império) tendem a apresentar relativamente mais personagens pretos e pardos. Os autores mostram que existe a visão de que a negritude seja um fato do passado e próprio das esferas “atrasadas” do espaço social, como o campo e as favelas.

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