quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Balança comercial surpreende e fecha 2015 com superávit de US$ 19,7 bilhões

 A balança comercial brasileira superou as expectativas e fechou o ano de 2015 acumulando um superávit de US$ 19,7 bilhões, quase US$ 5 bilhões acima das previsões iniciais. Este resultado pode ser explicado tanto pela desvalorização cambial, que encarece as importações e estimula as exportações, quanto pela recessão econômica que o país atravessa, que reduz a compra de produtos importados. Essa combinação levou a uma retração de 38,7% nas importações, enquanto as exportações caíram apenas 4%, influenciadas pela queda no preço das commodities (ambas comparações do resultado de dezembro/2015 com dezembro/2014). Outra boa notícia é que a participação dos manufaturados na pauta exportadora voltou a crescer, passando de 35,6% da pauta total, em 2014, para 38,1%, em 2016. Essa alta é explicada em parte pela desvalorização cambial, que melhora a competitividade de nossos produtos manufaturados em mercados mais próximos, como os latino-americanos. Em segundo lugar, a queda acentuada no preço dos produtos básicos contribuiu para estes perderem espaço na pauta exportadora.
Comentário: A recuperação da balança comercial brasileira afasta quase definitivamente a possibilidade de uma crise de balança de pagamentos num horizonte previsível. A redução do déficit em transações correntes, somada à contínua entrada de investimentos diretos no país e ao amplo colchão de liquidez em dólar existente nas reservas internacionais, garante certa tranquilidade para o país atravessar a crise atual sem maiores preocupações com seus passivos externos. Ao contrário, a desvalorização recente da taxa de câmbio não só melhorou o desempenho da balança comercial e de serviços, como também reduziu o endividamento público no conceito líquido, uma vez que as reservas cambiais brasileiras passaram a valer mais em real, abatendo parte maior dos passivos brasileiros. O problema é que, mesmo com a aceleração da recuperação do setor externo, ele não será suficiente para promover o crescimento econômico do país, dada sua pequena contribuição para o PIB. Evidentemente, as exportações podem servir como apoio a um movimento de recuperação dos investimentos, em particular em setores localizados, mas se mostra insuficiente para promover uma recuperação sustentada da economia brasileira num prazo razoável. Sendo assim, além de continuar promovendo as exportações e a recuperação da competitividade internacional dos produtos brasileiros, se faz necessário encontrar outras fontes de demanda autônoma internas, que sejam capazes de reanimar o “espírito animal” dos empresários e os mobilizem a retomar a produção e o investimento. Neste sentido, os investimentos em infraestrutura se mostram um importante instrumento de política econômica, por representarem uma fonte de demanda autônoma que melhora a competitividade das empresas brasileiras, gera milhares de empregos e ajuda diversos setores a terem a demanda garantida de que necessitam para planejar melhor seus investimentos.

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