segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

"Rádio Kriola" novo disco CATARINA DOS SANTOS | lançam/ showcase 15.Dez FNAC CHIADO | 19h00

O novo disco de Catarina dos Santos"Rádio Kriola", tem lançamento marcado para esta quinta-feira, 15 de Dezembro, pelas 19h00, na Fnac Chiado



O que tem de comum EUA, Brasil, África, Londres e Lisboa? Diríamos que a música de Catarina dos Santos. A artista lança o seu mais recente trabalho, “Rádio Kriola”, uma “celebração à multiplicidade de sons de onde bebe a noção de ser português que em si mesmo, já é múltipla.” Rádio Kriola será apresentado na Fnac do Chiado, quinta 15 de Dezembro, pelas 19h00 com o concerto, conversa com a artista e sessão de autógrafos
“Rádio Kriola” surge como uma estação de rádio na qual podemos sintonizar as terras e as gentes, as estórias e caminhos, que fazem parte de Catarina dos Santos. E é neste caminho que descobrimos as viagens, os locais, as línguas. É nesta sintonia que encontramos as participações do escritor angolano Ondjaki, do músico cabo-verdiano Toy Vieira, do rapper Chullage, ou da Porto-Riquenhas Raquel Z. Rivera. 
As raízes da música portuguesa e as suas conexões com o Brasil e com África tem sido o foco de estudo de Catarina dos Santos. “É um disco criado por alguém que não vive em Lisboa. Todos os temas falam de Portugal ou de cultura relacionadas à portuguesa e falam de expressões que estariam inseridas numa realidade de emigrantes, como por exemplo a minha: portuguesa, emigrada em Nova Iorque durante 10 anos ou agora mais recentemente, em Londres.”

CRÍTICA
“A música da Catarina dos Santos conduz-nos pela geografia humana que converge no Atlântico e no Mediterrâneo. Rádio Kriola é o reflexo de uma portugalidade que se veste de muitas roupagens, mas que desassumiu a sua própria mestiçagem. “Nós somos de todo o lado”, sussurra na voz da sereia, que nos faz percorrer uma cartografia feita dos poemas escritos nas salinas da nossa infância. 
Este álbum é dedilhado por uma “Menina-Barco”, título de um dos temas, com a participação dos Rapazis di V.A. e Chullage. Menina que parte da periferia construída por mãos morenas, semba, kuduro e sal. Menina que ruma na proa do bairro, que Lisboa viu crescer até Nova Iorque, para compreender mundo, e lá conhecer mestres como John Pattitucci, Sheila Jordan, Paquito de Rivera... Recebeu um “Inverno Tropical” de Ondjaki e laborou um Ondja, lembrança da Avó 19. “Caminho” nasce da colaboração com Dom La Nena. “A Dancer’s Redemption” é fado dançado em lundu Marajoara. E continua “Ninita”, funaná, mais dança, “Minha Maria” nessa litania do porto que já não é abrigo, mas ponto cruz, candomblé que redime o espírito das carpideiras. “Redención - Lo Transparente”, com Raquel Rivera, palavras Porto Riquenhas com “iris de sal pulida”. “Canto do Pescador” nasce do trabalho com Toy Vieira, voz do tempo, canto de sereia esperado em terra.
E eu oiço, mandingada, este disco concebido em tom de manifesto porque “sou da terra branda, aqui se fala em silêncio”. Manifesto ou não, Catarina vive diáspora de menina barco que “traz um mundo no braço, uma história no rosto” e a latitude no coração.”
Sofia Amado
(jornalista e escritora)

BIO
Catarina dos Santos esteve desde pequena exposta a música tradicional Portuguesa, de Angola, Cabo Verde e do Brasil, e muito Jazz. Entre 1996 e 2003 estuda Pintura na Sociedade de Belas-Artes, e Pintura e Cerâmica na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, ganhando prémios em Desenho e em Cerâmica. 
É também durante este período que estuda no Conservatório de Lisboa, e na Escola de Jazz Luís Villas-Boas, onde durante 2003 lecciona Improvisação e é assistente do Professor Pedro Moreira, nas aulas de Ensemble Vocal. Nesta altura trabalha como cantora de jazz, e é escolhida para representar a Escola do Hot Clube de Portugal no Festival de Jazz do São Luís, em 2003. No mesmo ano toca com a sua banda, “Crackin’ the Quintet”, no Hot Clube de Portugal, e em outros locais de música ao vivo. Paralelamente ao jazz estuda e canta música Angolana, e música tradicional Portuguesa, em colaboração com os At-Tambur.         
Em 2003 vai para Nova Iorque estudar Jazz Performance, no City College of New York, sendo bolseira da Kaye Scholarship, e recebendo vários prémios de mérito; conclui o curso Suma Cum Laude. Estuda com John Pattitucci, Sheila Jordan, Neil Clark, Paquito de Rivera, Ed Simmons, Ben Street, Jim Black, Cyro Baptista, Luciana Souza, Duduka da Fonseca. Tem aulas de percussão com Zé Maurício (Choro Ensemble), Café (Djavan). Em 2006 faz o Curso de Orquestração da Juilliard School, e canta na Juilliard School Choral Union.
A sua experiência como músico em Nova Iorque vai desde o jazz, à música de Cuba e Porto Rico, e à música Brasileira. Entre 2005 e 2008 é a cantora e letrista da banda Nation Beat, que faz um trabalho de pesquisa da música do estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil, e fundindo esta com ritmos de New Orleans, e funk. É com esta banda que grava o disco “Maracatuniversal”, em 2006, em Recife, numa colaboração com os músicos da Nação de Maracatu Estrela Brilhante, e músicos de Nova Iorque como Frank London (The Klezmatics), ou Rob Curto (Lila Downs). A banda faz turnées pelos Estados Unidos, e em Nova Iorque apresenta-se no Blue Note, Joes Pub, Makor, The Stone (John Zorn), Barbes, SOB’S, e outros. Em Fevereiro de 2007 toca no Festival Porto Musical, Recife, e faz vários concertos na mesma cidade, e no Festival Nova Consciência, em Campina Grande, Paraíba. É em Recife que constrói pontes de amizade e trabalho, na Música e na Educação, com Jorge Martins (percussionista da banda Cascabulho, colaborador com Nation Beat, e director da Escola de Percussão e ONG Corpos Percussivos), e mestres de percussão como Naná Vasconcelos, Mestre Salustiano, e outros grandes da música tradicional.
Outras colaborações em Nova Iorque incluem Maracatu NY, Montego Joe, Carol Lester and the World Women, Arthur Dutra e Timbatu, o pianista e flautista cubano Oriente Lopez, Los Pleneros de la 21 (música tradicional de Porto Rico), Eduardo Nazarian, Billy Newman e o Brazillian Acoustic Ensemble, entre outros. Faz também parte do Ensemble Musical da Companhia de Teatro Porto Riquenha Pregones Theatre, sediada no Bronx, Nova Iorque, onde foi solista na estreia mundial de duas obras para orquestra do compositor Desmar Guevara, “The Ponce Massacre”, e “Cantata a Pales”, bem como integra o elenco da peça “Game Over”. 
Quando em Portugal trabalha com Jon Luz, Paulo Temeroso, e Marco Santos no projecto de música brasileira e jazz, Aué, e com o seu recente projecto, Tambor de Três, com Mick Trovoada e Oswaldo Santos (Grupo Tempo, São Tomé). 
Em Fevereiro de 2009 Catarina trabalha em Recife com o Corpos Percussivos, e em Maio o Tambor de Três apresenta-se no Festival Cineport, em João Pessoa, Paraíba. Faz o lançamento do seu disco “No Balanço do Mar” em Nova Iorque em Junho de 2009 no Pregones Theatre. 
Em Agosto de 2009 lança o “Balanço do Mar” em Lisboa, e é convidada para participar no Festival CCB Fora de Si, ao lado de grandes como Seun Kuti e Branford Marsalis. No Verão de 2010 faz uma turnée na West Coast dos Estados Unidos, tocando em festivais de renome, como o San Jose Jazz Festival, e toca na Festa do Avante!, abrindo a Festa no Palco 1o de Maio. Em Maio desse ano Catarina criou o show “Os Pés da Sereia”, juntamente com a cantora Raquel Rivera, de Porto Rico, com música original das duas. O show foi patrocinado pela Rockefeller Foundation e apresentado no Hostos Center for the Performing Arts, Bronx, New York. 
Em Novembro de 2011 Catarina apresenta o seu trabalho musical e de pesquisa na ASWAD Conference na Rutgers University, em Pittsburgh. O tema da Conferencia é AFRICAN LIBERATION AND BLACK POWER, The Challenges of Diasporic Encounters Across Time, Space and Imagination
Em 2012 Catarina é convidada pela instituição Nova Iorquina City Lore, para participar no projeto Ironbound Fado, escrevendo novos arranjos e interpretando fados tradicionais, baseados em sonoridades Luso-Afro-Brasileiras. No mesmo ano viaja para Izmir, Turquia, com seu grupo com Oswaldo Santos (São Tomé) e Mick Trovoada (Angola). Em 2013 participa no concerto em homenagem a Mary Lou Williams com solista e parte do coral, com alguns dos melhores cantores de jazz da cena Nova Iorquina, e em Abril deste ano fez a produção artística e foi cantora convidada de dois grandes espetáculos: Concerto em homenagem a Chiquinha Gonzaga, no Brazilian Endowment for the Arts, e “Viagem pelo Mundo de Língua Portuguesa” para a CPLP, 2 de Maio, na sede das Nações Unidas, Nova Iorque, onde Catarina juntou músicos tão importantes como Tony Cabral, membro fundador do Tabanka Djaz, ou Chude Mondlane, cantora e activista moçambicana, e filha do presidente Eduardo Mondlane, entre outros. Em 2014 toca com Forroteria no New Orleans Jazz and Heritage Festival, EUA.
Catarina encontra-se neste momento a lançar o seu segundo álbum de originais, Rádio Kriola, e a trabalhar em três projectos em paralelo: o seu trabalho em Visual em Vídeo Art e Sound Art (projectos de instalações multimédia) o qual está a ser desenvolvido em Londres, o seu próprio projecto educativo, ‘Escola Nómada”, e “Taking Off the Masks – a Lisbon to Newark Conversation”, projecto de intercâmbio entre artistas de Newark e de Lisboa, a ser concretizado em 2017.

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